Os resultados do tsunami de 2011 no Japão ainda podem ser observados. Meses depois do maremoto, objetos japoneses começaram a chegar à costa oeste dos EUA, nos estados do Havai, Alasca, Washington, Oregon e Califórnia, além da província canadiana de British Columbia.
Estes objetos ainda estão a chegar, e são recolhidos por equipas de voluntários que limpam as praias norte-americanas. A distância entre os dois países é de 7,7 mil km.
John Chapman, investigador da Universidade Estadual de Oregon, pediu que essas equipas lhe enviassem os materiais. O cientista descobriu que 300 espécies de criaturas marinhas chegaram ao país agarradas aos objetos. Alguns deles são crustáceos, lesmas-do-mar e minhocas marinhas, segundo o The Guardian.
“Esta acabou por ser a maior experiência natural não planeada da biologia marinha, talvez na história”, diz Chapman. A pesquisa foi publicada na revista Science.
O tsunami do dia 11 de março de 2011 criou cerca de cinco milhões de toneladas de detritos que foram engolidos pela onda e arrastados pelo mar. Especialistas calculam que 70% desses materiais tenham afundado próximo do país, mas bóias, docas, barcos e outros itens flutuantes foram levados pelo mar.
Alguns desses itens surpreenderam toda a gente, como uma bola de futebol de um adolescente japonês que perdeu a casa no desastre e uma Harley-Davidson que apareceu numa praia canadiana.
Entre junho de 2012 e fevereiro de 2017, 600 objetos foram recolhidos na costa oeste dos EUA com criaturas a bordo. Muitas das criaturas são descendentes daqueles que deixaram o Japão em 2011.
“A diversidade é de ficarmos boquiabertos“, diz James Carton, professor de ciências marinhas da Williams College, em Massachusetts. “É uma parte da fauna japonesa”.
Em 2016 um barco japonês chegou a Oregon com 20 peixes do oeste do Pacífico dentro. Alguns dos peixes foram colocados para exposição no aquário de Oregon.
O transporte de todas essas espécies através do Pacífico só foi possível devido aos objetos plásticos produzidos pelos humanos. Grandes tsunamis que atingiram o Japão antes da adoção desse tipo de material não produziram resultados semelhantes em termos de transferências de espécies. Materiais como plástico e fibra de vidro não se decompõem.
“Não achava que a maioria desses organismos de litoral teriam sobrevivido no mar por tanto tempo. Mas antes não tinham essa oportunidade. Agora o plástico combinado com o tsunami e eventos de tempestade podem criar essa oportunidade em grande escala”, diz Greg Ruiz, biólogo do Centro de Pesquisa Ambiental Smithsonian.
Apenas o tempo irá dizer se essas novas criaturas conseguiram colonizar a costa oeste dos EUA. Especialistas torcem para que isso não aconteça, já que isso pode significar o fim de algumas espécies nativas.
ZAP // HypeScience