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Crânio e dentição milenares revelam dois povos antigos da Sibéria. São prováveis antepassados dos nativos americanos

 

Duas descobertas na Sibéria revelam a existência de dois grupos distintos de povos antigos até então desconhecidos. Acredita-se que uma dessas populações da Sibéria seja o antepassado dos nativos americanos.

Pela primeira vez, restos humanos relacionados com as populações indígenas americanas, foram encontrados fora dos Estados Unidos. A descoberta, publicada em junho na Nature, avança que embora esta população não seja um ancestral direto, é bastante próximo.

“É uma peça importante no puzzle da compreensão da ascendência dos nativos americanos”, revela o geneticista Eske Willerslev, um dos autores do estudo, citado pelo The New York Times.

A primeira descoberta analisou dois dentes de leite humanos, retirados do rio Yana, na Sibéria. A equipa de investigadores extraiu o ADN da dentição, datada entre 31 mil a 600 anos, e ficou a saber que pertenciam a duas crianças do sexo masculino.

Ao comparar as variantes genéticas do ADN, descobriram que os dentes das crianças da Sibéria pertenciam a uma população desconhecida. Os cientistas chamam-lhes de Antigos Siberianos do Norte.

Os seus ancestrais podem ser localizados até à migração inicial de África, em particular, aqueles que depois se espalhariam para a Europa. Ainda assim, os cientistas não conseguiram encontrar pessoas vivas com ligação a estes.

Numa segunda investigação, um crânio encontrado na Sibéria com quase 10 mil anos, continha ADN que revela parentesco entre os nativos americanos. A descoberta fornece uma nova pista para as migrações que primeiro trouxeram pessoas para os continentes norte e sul americano.

Elena Pavlova

Fragmento do crânio com nove mil e 800 anos, recuperado de Kolyma, na Sibéria.

O crânio da mulher, conhecida como Kolyma1, partilha cerca de dois terços do seu genoma com os Antigos Siberianos do Norte. No entanto, parte do ADN veio de uma população diferente: os Antigos Paleo-Siberianos. Isto sugere que os Antigos Siberianos do Norte tenham sido geneticamente ultrapassados pelos Antigos Paleo-Siberianos.

“É o mais próximo que já chegamos de um ancestral nativo americano, fora das Américas”, disse Willerslev, citado no The Guardian.

No estudo, Willerslev e a sua equipa encontraram provas de que uma segunda vaga de Antigos Paleo-Siberianos chegou ao Alasca entre nove mil e seis mil anos atrás — aqui, entraram em contacto com os nativos americanos e acasalaram.

Willerslev afirma que alguns nativos americanos vivos, como as tribos do Alasca, do Canadá e do Sudoeste, são provenientes dos Antigos Paleo-Siberianos. Mas, de acordo com a Science Mag, os cientistas não sabem quando e onde estes primeiros migrantes se mudaram de um continente para o outro.

Décadas de pesquisa sugerem que as povoações chegaram pela primeira vez à América no final da última era glacial, há 14 mil e 500 anos. A rota, grande parte dos especialistas acredita, era uma área que ligava o Alasca e a Sibéria — a chamada Ponte Terrestre de Bering —, que é agora o estreito de Bering.

Segundo o Observador, o rio Yana possui mais de dois mil e 500 artefactos de ossos de animais e marfim, para além de ferramentas de pedra e evidências de habitação humana.

DR, ZAP //

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