O deputado do Partido Socialista português João Soares escreveu uma carta ao primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, pedindo-lhe que, quando assumir a presidência rotativa da CPLP, “recuse firmemente a entrada da Guiné Equatorial” na organização.
Na carta, a que a Lusa teve hoje acesso, João Soares sublinhou que a Guiné Equatorial é “a mais longa ditadura no poder no mundo e uma das mais corruptas e torcionárias” e considerou que a sua adesão à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, “além de ser absurda em termos de ligação com a língua portuguesa, violaria um dos princípios básicos essenciais” da organização.
Afirmando-se admirador da “firmeza de convicções democráticas” de Xanana Gusmão, o deputado português concluiu que “uma entrada dessa ditadura sanguinária na CPLP”, durante a presidência do histórico da resistência timorense, lhe causaria “profunda tristeza”.
Escrita e datada de dia 19 de fevereiro, antes ainda da decisão dos ministros dos Negócios Estrangeiros da CPLP, que na quinta-feira recomendaram a adesão da Guiné Equatorial à CPLP, a carta é escrita por João Soares “na qualidade de cidadão português” e de “parlamentar de um país membro e fundador da CPLP”.
“Teria uma imensa vergonha se o Governo do meu país, Portugal, pudesse ser cúmplice desse gigantesco erro político. Que aliás, na minha modesta opinião, comprometeria gravemente a imagem da CPLP”, escreveu o antigo presidente da Câmara de Lisboa, depois de recordar as posições de organizações como a Freedom House, a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch ou os Repórteres Sem Fronteiras sobre o país liderado há quase 35 anos por Teodoro Obiang.
Informando que escreveu também ao Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, João Soares disse não poder acreditar que Xanana Gusmão ou o chefe de Estado “possam de alguma forma ser favoráveis à entrada na CPLP desse país”.
“Porque no fundo é esse predador, ditador corrupto e torcionário que quer ganhar estatuto com a entrada para a CPLP. Não o povo da Guiné Equatorial por quem ele teve sempre o mais profundo desprezo”, escreveu.
O país liderado por Teodoro Obiang é observador da CPLP desde 2006, mas a adesão como membro pleno foi condicionada nas cimeiras de Luanda e de Maputo por se considerar que o país não cumpria os requisitos necessários.
A reunião extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros da CPLP recomendou na quinta-feira em Maputo a adesão da Guiné Equatorial à organização.
A adesão, como membro de pleno direito, foi aprovada como uma recomendação para a cimeira de chefes de Estado da organização que se realiza em Díli em julho próximo, quando Timor-Leste assume a presidência da organização, disse à Lusa o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete.
/Lusa
Sera que isto é democracia quando ja não se pode pensar com a propia massa encefalica ?