O condenado à morte mais antigo do mundo pode vir a ser ilibado

JIJI PRESS / EPA

Iwao Hakamada

Iwao Hakamada está no corredor da morte há mais de cinco décadas após uma condenação por roubo, fogo posto e de ter assassinado o seu chefe, a mulher e os dois filhos, em 1966. É o condenado à morte mais antigo do mundo.

O Supremo Tribunal de Tóquio, no Japão, ordenou esta semana um novo julgamento para o homem de 87 anos. Os seus advogados defendem que a condenação foi baseada numa confissão forçada e provas forjadas pelos investigadores.

Hakamada está fora da prisão desde 2014, mas ainda não foi ilibado das acusações. Na altura, análises de ADN provaram a sua inocência, uma vez que o sangue encontrado em várias provas não pertencia ao ex-pugilista. O novo julgamento só decorrerá este ano.

“Eu esperei por este dia por 57 anos e ele chegou”, disse a irmã de Hakamada, Hideko. “Finalmente um peso foi tirado dos meus ombros”.

“Esta decisão significa uma oportunidade há muito esperada de fazer justiça a Iwao Hakamada, que passou mais de meio século condenado a uma pena de morte, apesar da injustiça flagrante do julgamento que determinou a sua condenação”, disse também Hideaki Nagawa, diretor da Amnistia Internacional do Japão.

Hakamada foi condenado dois anos após alegadamente ter cometido os crimes. Inicialmente, negou as acusações e depois confessou, o que mais tarde disse ter sido coagido a fazer devido a um interrogatório violento por parte da polícia.

De acordo com a CBS News, o japonês não foi executado devido aos recursos morosos e ao processo de novo julgamento. Demorou 27 anos para o Supremo Tribunal negar o seu primeiro recurso para um novo julgamento. O segundo recurso foi apresentado em 2008, tendo o tribunal finalmente decidido a seu favor na quinta-feira.

“Hakamada não pode ser identificado como o culpado”, disse a sua advogada Kiyomi Tsunagoe, à CNN. “O caso de Hakamada é conhecido a nível mundial, e sempre existiu o risco de ele poder ser mandado de volta para a prisão e enfrentar novamente a pena de morte, apesar das provas apontarem para a sua inocência”.

O ponto fulcral do caso são cinco peças de roupa manchadas com sangue. Os procuradores argumentam que Hakamada as usou durante o crime e, depois, escondeu-as num tanque de miso, encontrado mais de um ano após a sua detenção.

Esta segunda-feira, o tribunal apontou que experiências científicas de roupas embebidas em miso por mais de um ano ficam demasiado escuras para manchas de sangue serem detetadas, colocando a hipótese as provas foram fabricadas.

A emissora nacional NHK disse que o juiz presidente do tribunal, Fumio Daizen, questionou a credibilidade das provas: “Não há nenhuma evidência além das roupas que possam determinar que Hakamada foi o perpetrador, então é claro que surge uma dúvida razoável”.

ZAP //

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