Números no INE sugerem que as famílias estão a resistir à inflação. Números europeus de Maio podem mudar as conversas em Bruxelas.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou nesta quarta-feira as estatísticas sobre o consumo alimentar ao longo do primeiro trimestre, em Portugal.
Depois de um 2022 em que todos os trimestres registaram queda na compra de alimentos (no número de produtos, não no valor – por causa da inflação), os números de Janeiro, Fevereiro e Março de 2023 quebram essa tendência.
A subida foi ligeira: 0,2% de mais alimentos, quando comparado com o primeiro trimestre do ano passado. E com gastos 19% superiores no momento de pagar a conta, reforça o Dinheiro Vivo.
O mesmo portal calcula que 21% das despesas mensais das famílias estão relacionadas com alimentação.
Também se registou subida na “despesa em bens duradouros”, de 11%. Sobretudo em automóveis. A venda de carros tem registado um aumento forte.
No entanto, no geral continuamos a ter um consumo menor, em Portugal, do que antes do início da guerra.
O que tem mantido o sustento de diversas empresas é o turismo e os seus serviços relacionados.
Inflação suaviza
Em Maio, a taxa de inflação suavizou mais do que o esperado na Europa. Incluindo em Portugal.
Por cá, a inflação desceu para 4% no mês passado. Tinha sido 5,7% em Abril, lembra o INE.
Espanha, França e Alemanha já tinham apresentado nesta semana os seus números da inflação; todos recuaram.
Esta nova tendência na Europa pode mudar as conversas em Bruxelas, avisa o jornal Público.
O Banco Central Europeu poderá alterar a sua política monetária – mais concretamente travar a escalada recorde dos juros, verificada ao longo dos últimos meses e que “mexe” com as prestações do crédito à habitação, por exemplo.
Mas os responsáveis europeus também terão de olhar para a inflação subjacente: não inclui os mais voláteis bens energéticos e alimentares e mostra como as pressões inflacionistas se estão a espalhar por toda a economia.