O metano é um gás com um impacto no efeito de estufa muito maior do que o CO2. Uma equipa de investigadores do MIT apresentou agora uma nova forma de o remover do ar.
Enquanto diversas startups estão há alguns anos a procurar formas de retirar CO2 do ar, uma equipa de investigadores do MIT – Massachusetts Institute of Technology está agora a estudar uma forma de remover da atmosfera o metano, um gás com bastante impacto no efeito de estufa.
O metano contribuiu 80 vezes mais para o aquecimento global do que as emissões de do CO2, nos primeiros 20 anos após a sua emissão — o que significa que a sua extração do ar poderá rapidamente ter um impacto positivo nas alterações climáticas.
Num novo estudo, publicado na ACS Environment em dezembro de 2021, um grupo de investigadores testou o uso de zeólito, um tipo de argila utilizado nas areias dos gatos, tratado com um pequeno banho de cobre, para remover o metano do ar.
Segundo a Fast Company, durante o estudo, os investigadores perceberam que quando um fluxo de metano (CH4) fluía através de um tubo aquecido cheio de zeólito, transformava-se em CO2. O processo é eficaz, mesmo quando a concentração de metano é muito baixa.
Segundo Desiree Plata, professora de engenharia do MIT e uma das autoras do artigo, quando ouvimos falar em criar CO2, a conclusão imediata é que isso não é bom para o ambiente.
Mas, explica a professora, o metano na realidade é muito pior, na perspetiva do aquecimento global. “O que isto nos permite fazer é trazer benefícios climáticos imediatos para o sistema terrestre e, na verdade, alterar as taxas de aquecimento global durante a nossa vida”
Se metade do metano na atmosfera fosse convertido em CO2, acrescenta Desiree Plata, a concentração de carbono atmosférico aumentaria em uma parte por milhão, de 417 para 418. Mas o aquecimento global seria reduzido em 16%.
Anteriormente, outros investigadores já tinham tentado usar um processo semelhante para transformar o metano em metanol, um combustível comum. Mas é um desafio gerir o processo de uma forma rentável — a transformação do metano em CO2 é mais eficaz.
Houve já também uma tentativa de capturar o metano nas minas de carvão, mas a tecnologia usada necessitava de componentes com custos demasiado elevados — e o processo exigia ele próprio temperaturas muito elevadas.
Em contrapartida, o zeólito-cobre é acessível, e a reação que transforma o metano em CO2 funciona a temperaturas baixas.
O próximo passo é ajustar a estrutura do material para capturar mais facilmente o metano. “Não é fácil empurrar ar através de areia para gatos“, explica Plata.
“Dá para imaginar os desafios técnicos que se colocam — fazer explodir poeiras, e depois o aquecimento também é um desafio. Assim, uma das coisas que precisamos de fazer é estruturar o catalisador de forma a que muito ar possa passar por ele com relativa rapidez, mas ainda assim obter uma boa reação”, diz a cientista.
Segundo a investigadora o resultado final terá semelhança ao de um catalisador num carro.
De acordo com o Newatlas, o local mais promissor para começart a testar o novo catalizador, seria em minas de carvão e quintas produtoras de lacticínios, que frequentemente acumulam metano.
Os requisitos tecnológicos para o fazer nestes locais seriam relativamente simples e poderiam ser integrados nos sistemas de circulação de ar existentes.
No entanto, há obstáculos a ultrapassar, antes de que este processo possa ser viável — incluindo aumentar a facilidade com que o ar passa através da areia.