Nova pesquisa, publicada esta quinta-feira, apresenta a primeira prova de um intervalo em que as constantes fundamentais podem variar, afetando assim a viscosidade dentro e entre as células vivas.
O estudo, publicado na Science Advances, revela novas perspetivas sobre a natureza das constantes físicas fundamentais e a sua relação com a viscosidade essencial para os processos da vida.
A equipa, que em 2020 descobriu que a viscosidade dos líquidos é limitada pelas constantes fundamentais, expandiu agora a mesma investigação às ciências da vida.
Físicas fundamentais, como a massa do eletrão, foram desde sempre assumidas como universalmente constantes e inalteráveis. A origem destas constantes permanece uma incógnita, mas o novo estudo deixa-nos mais perto de descobrir a sua origem e impacto na vida terrestre.
Entender a viscosidade na vida quotidiana, como o fluxo de água num copo, está ligado ao grande desafio de descobrir estas constantes fundamentais, explica o professor de física Kostya Trachenko ao Phys.org. Qualquer ligeira alteração nestas constantes pode conduzir a mudanças na viscosidade, afetando drasticamente a vida.
Por exemplo, apenas uma variação de uma pequena percentagem em algumas constantes, como a constante de Planck ou a carga do eletrão, poderia fazer com que o sangue se tornasse demasiado espesso ou fino para o correto funcionamento do corpo.
Ajustadas há milhares de milhões de anos para produzir núcleos pesados nas estrelas, mesmo não havendo necessidade de as habilitar para a vida celular, estas constantes revelaram-se surpreendentemente favoráveis ao fluxo dentro e entre as células vivas.
Podem, segundo os investigadores, ter ocorrido múltiplos ajustes, semelhantes à evolução biológica. Assim, é possível que as constantes fundamentais possam ser resultado da natureza a formar estruturas físicas sustentáveis através de mecanismos evolutivos.
A descoberta pode não só reescrever a nossa compreensão do universo, mas também abrir caminho para desvendar a origem das constantes que moldam a vida como a conhecemos.
