Cientistas desvendam finalmente o que era a “múmia de sereia”

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Kurashiki University of Science and the Arts

Cientistas desvendam finalmente o que era a “múmia de sereia”, guardada num templo do Japão e que se acreditava dar 800 anos de vida a quem comesse a sua carne.

Uma ‘sereia’ mumificada faz furor no Japão, com a lenda a rezar que quem comer a sua carne ganha 800 anos de vida. A metade superior da criatura apresenta uma cabeça peluda com dentes pontiagudos, mas a parte inferior do corpo é semelhante à de um ser marinho.

Em março do ano passado, uma equipa de investigadores da Kurashiki University anunciou que ia analisar a múmia. Os cientistas queriam determinar qual possível animal teria sido mumificado. A criatura, que se parece com um híbrido de macaco e sereia, foi mantida no templo Enjuin, no sul do Japão, construído no ano de 838.

“A criatura bizarra pode ter significado religioso”, antecipou a líder da equipa de cientistas, Hiroshi Kinoshita, após fazer um TAC à múmia.

As descobertas da investigação dos cientistas foram anunciadas na semana passada: afinal, a múmia não era um animal, mas apenas um objeto.

“Com base na nossa análise e na história da criação da múmia no Japão, só podemos concluir que a múmia da sereia provavelmente foi feita por humanos”, disse o paleontólogo Takafumi Kato, em declarações à VICE.

Para surpresa dos especialistas, a “múmia” era feita de papel, tecido e algodão. Imagens de raio-X mostraram que faltavam os principais ossos do esqueleto. Já a parte inferior do corpo tinha ossos de peixe, possivelmente de uma cauda ou barbatana.

Segundo a mitologia japonesa, uma ningyo [sereia] era descrita como tendo uma boca de macaco com dentes pequenos como os de um peixe e escamas douradas. A sua carne seria saborosa e quem a comesse seria-lhe concedida uma longevidade de 800 anos.

No entanto, acreditava-se que apanhar uma ningyo trazia infortúnios, por isso, os pescadores que apanhavam estas criaturas diziam que as atiravam de volta ao mar. A alegada ‘sereia’ terá sido apanhada por uma rede de pesca, em Kochi, segundo uma carta de 1903 pertencente a um dos seus antigos donos.

No ano passado, os investigadores sugeriam que a suposta sereia provavelmente foi fabricada entre 1603 e 1867, a partir de partes de animais. Acreditava-se que a criatura tinha sido feita “para exportação para a Europa ou para espetáculos no Japão”.

A análise agora feita revelou que a mandíbula, que era o único osso da cabeça, e os dentes da ‘múmia” eram de um peixe carnívoro. O objeto foi provavelmente feito no final do século XIX.

“Nós veneramo-la, esperando que isso ajudasse a aliviar a pandemia de coronavírus, mesmo que apenas um pouco”, disse o sacerdote-chefe do templo Enjuin ao jornal japonês The Asahi Shimbun, antes de a sereia ser estudada.

A história desta ‘sereia’ é semelhante à de Phineas Taylor Barnum. Conhecido como P. T. Barnum, o norte-americano foi um empresário do ramo do entretenimento, que ficou conhecido por inúmeros embustes que atraíam milhares de pessoas. A sua história inspirou o filme “The Greatest Showman”, protagonizado por Hugh Jackman, que saiu nos cinemas em 2017.

Daniel Costa, ZAP //

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