Cientistas descobrem a estratégia dos mosquitos para atacar os humanos

Uma investigação recente de cientistas norte-americanos sugere que os mosquitos escolhem as vítimas das suas picadas a partir de três factores: o cheiro, a visão e, em último lugar, calor.

Biólogos do Instituto de Tecnologia da Califórnia gravaram os movimentos feitos por mosquitos famintos dentro de um túnel de vento.

Os insectos foram atraídos instantaneamente para uma coluna de CO2, muito parecida com o hálito humano; depois de cheirar este gás, os mosquitos foram abrigar-se num local escuro.

Finalmente, a distância bastante menores, os mosquitos também foram atraídos pelo calor.

As descobertas, publicadas na revista especializada Current Biology, basearam-se em provas, recolhidas por estudos anteriores, de que o cheiro é um factor essencial para que os mosquitos escolham a sua próxima refeição.

O odor corporal, por exemplo, pode ter um papel muito importante na forma como os mosquitos escolhem uma pessoa para picar e descartam outra.

Os mosquitos são bons a farejar CO2, que existe em altas concentrações no hálito dos animais de cujo sangue se alimentam –  como os humanos.

Também já se sabia que o calor e a visão podem ser importantes para atrair estes insectos, mas este novo estudo é o primeiro a determinar o diferente papel dos três factores.

“Conseguimos formar uma teoria de como todos estes sentidos trabalham em conjunto no mosquito, para que ele encontre um humano”, afirmou o autor da pesquisa, Floris van Breugel, investigador do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Estímulos separados

A chave para estas experiências era separar os estímulos diferentes: cheiro, visão e calor. Os cientistas colocaram a coluna de CO2, um ponto preto no chão do túnel de vento e uma placa de vidro aquecida, que estava ocultada.

“Conseguimos ver como os mosquitos reagem a cada um destes três estímulos”, disse Van Breugel à BBC.

Por exemplo, se os insectos viam um ponto negro num túnel de vento que antes estava vazio, não se aproximavam. Mas se a coluna de CO2 também estivesse no local, eles iam farejá-la e então partiam para o estímulo visual.

“Os mosquitos apenas prestam atenção aos elementos visuais depois de detectar um odor que indique a presença de um hospedeiro próximo”, explica Michael Dickinson, outro autor do estudo.

“Isto ajuda a garantir que eles não percam tempo a investigar alvos falsos, como pedras e vegetação”, acrescenta Dickinson.

A equipa conseguiu compreender os três estágios da estratégia de caça dos mosquitos:

  1. A distâncias entre dez e 50 metros, eles usam o odor, particularmente, o CO2.
  2. Se já estiverem excitados por causa do cheiro, vão procurar algo que seja visualmente interessante, a uma distância que varia entre cinco e 15 metros.
  3. Uma vez que estejam a um metro de distância de um possível alvo, eles se concentram no calor corporal.

Difícil escapar

Floris van Breugel afirma que, do ponto de vista dos humanos, esta abordagem em três estágios é “muito forte, de uma forma irritante”.

“A conclusão, infelizmente, é que é muito difícil escapar dos mosquitos“, diz o Biólogo.

“Se conseguíssemos capturar todo o CO2 que estivermos a exalar, seria menos provável que o mosquito nos encontrasse”, acrescenta.

“Mas, se estivermos num grupo de pessoas e outra pessoa não estiver a tomar estas precauções, então um mosquito poderia seguir o CO2 dela. E pode acabar por nos encontrar visualmente, antes da outra pessoa”, explica van Breugel.

“Então, quereríamos uma camuflagem visual também) Quanto mais cortarmos estas pistas visuais, menor a possibilidade de os mosquitos nos encontrarem e picarem”, acrescenta o cientista.

Mas a melhor estratégia para evitar os mosquitos é mesmo criar uma distracção.

“O melhor a fazer é convencer os seus amigos a usar camisas com cores berrantes”, brinca van Breugel.

ZAP / BBC

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