Um cientista tem a solução para as alterações climáticas (que faz correr muita tinta)

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John Underwood / Purdue University photo

Xiulin Ruan, um dos especialistas que criou a tinta mais branca do mundo

Pintar 2% da superfície da Terra com a tinta mais branca do mundo seria o suficiente para impedir o aquecimento do nosso planeta.

Uma equipa de investigadores da Universidade de Purdue anunciou em 2021 que tinha criado a tinta mais branca do mundo, uma tinta tão branca que consegue refletir mais de 98% da luz.

A tinta foi criada para reduzir a temperatura dentro de um edifício e os estudos indicam que reduz asnecessidade de ar condicionado em até 40%. Ainda não está disponível para a compra em massa, mas as expectativas dos criadores é que venha a ser usada para tintar telhados, carros, roupas e até naves espaciais.

Mas, com a Terra a aquecer devido às alterações climáticas, e se decidirmos alargar a escala e aplicar esta tinta num bairro inteiro? Numa cidade inteira? No planeta inteiro?

É esta a ideia de Jeremy Munday, um professor de Engenharia Elétrica da Universidade da Califórnia que estuda as tecnologias limpas. De acordo com os cálculos de Munday, se pintarmos entre 1% e 2% da superfície da Terra — pouco mais de metade do deserto do Sahara — com esta tinta mágica, o nosso planeta deixará de absorver mais calor do que aquele que emite e a subida das temperaturas será travada.

Munday reconhece que a ideia é muito ambiciosa e que não poderia ser posta em práctica numa superfície contígua tão grande sem levantar preocupações sobre os efeitos na vida selvagem ou as consequências a longo prazo de um arrefecimento tão repentino. Mas espalhar pontos de arrefecimento pelo mundo pode ter muitos benefícios, como combater o fenómeno das ilhas de calor urbanas.

Mesmo assim, há alguns senãos. A versão normal da tinta ultrabranca usa sulfato de bário, que tem de ser minado, o que agrava a sua pegada de carbono. Este tipo de geoengenharia — manipulação dos processos naturais da Terra para controlar o clima — também é muitas vezes criticado por não cortar o mal pela raiz e responder à verdadeira causa do problema: a queima de combustíveis fósseis.

“Definitivamente, esta não é uma solução de longo prazo para o problema climático. Isso é algo que podemos fazer a curto prazo para mitigar problemas piores enquanto tentamos colocar tudo sob controlo”, explica Munday ao The New York Times.

Adriana Peixoto, ZAP //

6 Comments

  1. Parece-me uma boa ideia. O que está a propor-se é o que fazem as calotes polares e é, ao mesmo tempo, um aviso severo para o que se está a fazer com a instalação massiva de painéis fotovoltaicos, que sendo escuros, contribuem para o aquecimento do planeta, com a agravante de por vezes a sua instalação envolver a remoção de hectares de floresta. É necessário abordar estas questões sem preconceito, de forma ponderada e não doutrinária ou ideológica, de forma a resolver parte do problema

  2. Parte do problema seria arborizar mais, sobretudo os núcleos urbanos e zonas industriais criando não só sombras, necessárias para o arrefecimento, como despoluidoras do ar. Claro com árvores frondosas autóctones e não eucaliptos e/ou pinheiros que secam o solo e aumentam a temperatura, mas isso seria num mundo racional.
    De momento o que temos (eu falo por onde vivo, Matosinhos) é remoção de árvores adultas e por vezes plantação de novas que demorarão anos a dar “fruto”. Ou então árvores supostamente de fruta que nem dão fruta nem sombra em ruas quentes de tanto sol e asfalto mas isso não interessa

  3. Os paneis solares, absorvem a energia solar e não a libertam sobre a forma de calor, transformam a energia do sol em energia térmica (aquecendo água) ou em energia elétrica. Muito diferente de um pedaço de alcatrão, por exemplo.
    Quanto às árvores tem razão, os paneis solares devem ser instalados em áreas onde causem o mínimo de impacto, em albufeiras (flutuantes), por exemplo, ou sobre canais de transporte de água para rega, solos pobres/esqueléticos, etc.

  4. Se pintar uma quantidade razoável com esta tinta poderia ajudar, mas a poluição para a produzir seria contraproducente, então poderíamos usar uma tinta menos branca que já existe à tonelada, o efeito deverá ser menor por m2 mas aumentando a área pintada branca compensa a falta de brancura, no entanto se esta solução simples pode ajudar, então uma qualquer pequena área pintada de branco é um passo no caminho certo da longa caminhada necessária, e toda a viagem é feita um passo de cada vez.

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