China “nunca renunciará ao uso da força” para reunificar Taiwan

Mark R. Cristino / EPA

O Presidente chinês, Xi Jinping

O líder chinês, Xi Jinping, disse hoje que a China vai fazer todos os esforços para reunificar Taiwan pacificamente, mas que “nunca renunciará ao uso da força”, na abertura do 20º Congresso do Partido Comunista (PCC).

“Trabalharemos com a maior sinceridade e faremos todos os esforços em prol da reunificação pacífica [de Taiwan], mas não renunciaremos nunca ao uso da força e reservamos a possibilidade de adotar todas as medidas necessárias”, afirmou.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, ocasião em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.

Taiwan atua como uma entidade política soberana, mas Pequim insiste que o território é uma província sua. Os Estados Unidos continuam a ser o maior aliado e fornecedor de armas de Taipé.

“A resolução da questão de Taiwan é um assunto do povo chinês e deve ser resolvido apenas pelo povo chinês”, apontou Xi Jinping.

“A reunificação da pátria deve ser alcançada e vai ser alcançada”, acrescentou, condenando o “separatismo e a interferência estrangeira” na questão de Taiwan.

Xi Jinping também elogiou a transição de Hong Kong “do caos para a governação”. O seu governo impôs, em 2020, uma lei de segurança nacional à cidade que praticamente eliminou a oposição e os ativistas pró-democracia na região semiautónoma da China.

“Maior contributo” de Macau e Hong Kong

Xi Jinping disse hoje que Macau e Hong Kong vão ter uma “maior” contribuição para a ascensão da China e assegurou a manutenção da fórmula ‘um país, dois sistemas’ nas regiões semiautónomas.

“Vamos apoiar Hong Kong e Macau a integrarem-se melhor nos planos de desenvolvimento da China e a desempenharem um maior papel na concretização do rejuvenescimento nacional”, afirmou Xi.

Em causa está a construção de uma grande metrópole a partir de Hong Kong e Macau, e nove cidades de Guangdong, através da criação de um mercado único e da crescente conectividade entre as vias rodoviárias, ferroviárias e marítimas.

Guangdong é a província chinesa mais exportadora e a primeira a beneficiar da política de Reforma e Abertura adotada pelo país no final dos anos 1970, contando com três das seis Zonas Económicas Especiais da China — Shenzhen, Shantou e Zhuhai.

Estratégia ‘zero covid’

O líder chinês defendeu ainda a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19 e o combate contra a corrupção.

Xi Jinping fez um balanço dos últimos cinco anos e traçou o roteiro para os próximos cinco, no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

Uma das principais questões girava em torno da política de prevenção epidémica da China, que resultou no encerramento praticamente total das fronteiras do país e obrigou ao bloqueio frequente de cidades inteiras.

Xi afirmou que a China prioriza a vida e a saúde das pessoas acima de tudo. A China “protegeu fortemente a segurança e a saúde das pessoas, e alcançou resultados positivos significativos ao coordenar a prevenção e o controlo da epidemia com o desenvolvimento económico e social”.

A política dos “zero casos” reforçou a vigilância sobre cada cidadão, permitindo registar todos os movimentos num país já criticado pelos abusos contra os Direitos Humanos. As autoridades tornaram obrigatório o uso de uma aplicação para aceder a locais públicos ou residenciais. O utilizador deve primeiro digitalizar o código QR, uma versão bidimensional do código de barras, colocado na entrada de todos os edifícios, assim como nos transportes públicos ou táxis.

O encerramento das fronteiras e os repetidos confinamentos travaram também o crescimento económico. O Banco Mundial prevê que o PIB (Produto Interno Bruto) da China cresça 2,8% este ano, cerca de metade da meta definida por Pequim.

O Diário do Povo, o jornal oficial do PCC frisou esta semana que a política é “sustentável” e que deixar o vírus alastrar seria “irresponsável”, mas o custo económico desta estratégia e o descontentamento popular são inegáveis.

A revolta por vezes ultrapassa as redes sociais: esta semana, e apesar das medidas de segurança reforçadas na capital chinesa, um homem pendurou numa ponte de Pequim duas faixas a criticar o líder chinês e a política dos ‘zero casos’. Uma das faixas convocou os cidadãos a entrarem em greve e expulsarem “o ditador traidor Xi Jinping”.

Xi também defendeu a sua campanha anticorrupção, a mais ampla e intensa desde a fundação da República Popular da China.

“A luta contra a corrupção obteve uma vitória esmagadora e foi amplamente consolidada, eliminando os graves perigos latentes dentro do Partido, do Estado e do exército”, disse.

Segundo dados oficiais, pelo menos 1,5 milhão de funcionários do PCC foram punidos durante esta campanha, lançada por Xi após ascender ao poder, em 2012. Centenas de altos quadros do regime foram punidos à pena de morte ou prisão perpétua.

ZAP // Lusa

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