“Indesculpável”. Central elétrica acusada de causar tragédia sem precedentes no Hawai

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Peter da Silva / EPA

A maior distribuidora de eletricidade do Havai está a ser acusada de causar os os incêndios mais mortíferos nos EUA em mais de 100 anos. Já morreram quase 100 pessoas, em menos de uma semana.

A Justiça do Havai, nos EUA, recebeu uma ação coletiva que acusa a maior distribuidora de eletricidade do arquipélago, a Hawaiian Electric, de ter causado os incêndios que mataram, até ao momento, 93 pessoas na ilha de Maui.

De acordo com a imprensa local, o processo foi apresentado por três escritórios de advogados que representam pessoas afetadas pelos incêndios de Lahaina, antiga capital do arquipélago e uma das zonas turísticas mais populares do Havai.

A ação argumenta que a Hawaiian Electric, que fornece eletricidade a 95% do estado, “indesculpavelmente, deixou as suas linhas de energia operacionais durante as condições previstas de alto risco de incêndio”.

“A destruição poderia ter sido evitada se os réus tivessem ouvido os avisos do Serviço Nacional de Meteorologia [norte-americano] e desligado a energia das suas linhas elétricas, durante o evento de vento forte que era esperado”, vários dias antes do início dos incêndios, afirma o processo.

A prática de desligar as linhas de energia por motivos de segurança pública é comum em partes do oeste dos Estados Unidos durante condições de alto risco de incêndio, já que estas linhas foram a causa de vários incêndios, especialmente na Califórnia.

Quando os incêndios começaram na passada terça-feira, e a ilha Maui ficou sem energia e telecomunicações, o sistema de alarme do Havai, o maior do mundo, não foi ativado, admitiram as autoridades.

A procuradora-geral do Havai, Anne López, anunciou no sábado que fará uma “investigação exaustiva” sobre a resposta das autoridades à catástrofe.

A Hawaiian Electric disse no domingo, num comunicado, que restaurou o fornecimento de eletricidade a 60% dos clientes que estavam sem energia desde terça-feira e que tem cerca de 300 pessoas no terreno para repor a energia aos restantes clientes.

A empresa, que não se referiu ao processo judicial, indicou que houve danos extensos nas partes do sistema elétrico que distribui energia às comunidades e que o sistema “ainda está frágil”, obrigando os trabalhadores a proceder com cuidado.

A Hawaiian Electric admitiu que poderia haver “apagões intermitentes” e pediu aos moradores de Maui que tentassem poupar eletricidade e limitar o seu uso.

Dois incêndios ainda ativos

Dois dos três incêndios de Maui ainda estão ativos, segundo o último balanço feito no domingo pelo condado, que até agora apenas conseguiu verificar a identidade de duas das 93 vítimas confirmadas.

A polícia local sublinhou que o processo será moroso, uma vez que é necessária uma verificação genética ou dentária.

As entidades oficiais preveem que, à medida que as buscas prosseguem nas zonas devastadas, mais vítimas vão ser encontradas.

O governador do Havai, Josh Green, estimou as perdas materiais em cerca de seis mil milhões de dólares (cerca de 5,5 mil milhões de euros).

O furacão Dora originou ventos muito fortes que agravaram os incêndios, que surpreenderam a ilha do Hawai – com carros queimados, mais de 1000 casas destruídas e prédios históricos em ruínas.

O Governador do Hawai já disse que este é o maior desastre natural de sempre em Maui. Foi decretado o estado de emergência: estradas e escolas encerradas, só circula quem trabalha em serviços de emergência.

Estes incêndios são os mais mortíferos nos EUA em mais de 100 anos.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Alterem o texto, por favor: “deixou as suas linhas de energia operacional…” não é nada – se são linhas então teriam que estar “operacionais”.

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