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“Censura”: Facebook proibiu anúncios de 60 empresas (a maioria sobre saúde feminina)

Irene Valiente / EPA

Estudo indica que a rede social não permitiu anúncios sobre assuntos como amamentação, pós-parto e menopausa.

Anunciar no Facebook não é só preparar um anúncio atractivo e depois colocá-lo na rede social, ou mesmo pagar por uma promoção do mesmo. É preciso que os “bastidores” do Facebook aceitem esse anúncio.

Muitas vezes não acontece. E não aconteceu a 60 empresas envolvidas num estudo da Center for Intimacy Justice, uma organização sem fins lucrativos que se foca precisamente na luta pela igualdade nas políticas de publicidade, que promovam a saúde feminina e de pessoas de diversos géneros.

A fundadora da organização, Jackie Rotman, entrevistou pessoas de 60 empresas – 35 estão ligadas a saúde sexual feminina, centradas em assuntos como dor pélvica, menopausa, menstruação e fertilidade.

Todas as 60 empresas receberam pelo menos um “não” por parte do Facebook, em relação aos anúncios pretendidos. Foi rejeitada publicidade a formação sobre amamentação ou anúncios sobre calças confortáveis para o período pós-parto, por exemplo. E quase metade das contas foi suspensa temporariamente.

O Facebook justificou sempre as proibições: promoção de “conteúdo, produtos e serviços destinados só para adultos”.

Nas suas regras sobre anúncios, a rede social avisa que aqueles que promovem “produtos ou serviços de saúde sexual e reprodutiva, como contracepção e planeamento familiar, devem ser direccionados a pessoas com 18 anos ou mais e não se devem concentrar no prazer sexual”.

Mas não é bem assim: foram permitidos anúncios sobre um preservativo que promete “prazer”, sobre um lubrificante ou sobre um comprimido para disfunção eréctil que promete um “verão americano quente e húmido”.

O alerta foi deixado por Jackie Rotman: “Isto é arbitrário. E é um problema sistémico, que prejudica sobretudo as pequenas empresas”.

Ao jornal New York Times um porta-voz do Facebook esclareceu que todas as regras são explicadas aos anunciantes e admitiu que o Facebook comete erros nas políticas de publicidade – acrescentando que reverteu a decisão de algumas rejeições de anúncios incluídas no estudo.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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