Abate de árvores destrói parcialmente estação arqueológica em Matosinhos

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Castro de Guifões, em Matosinhos

O Castro de Guifões, em Matosinhos, classificado como Monumento de Interesse Público desde 1971, ficou “parcialmente destruído”, depois do abate de eucaliptos por parte de privados.

A estação arqueológica, considerada pela autarquia como uma das mais importantes da Idade do Ferro do Norte de Portugal, não está vedada e tem uma parcela de terreno que pertence a privados que, na semana passada, decidiram vender as árvores a madeireiros que, com “maquinaria pesada”, destruíram “muros e caminhos” do monumento, explicou o vereador da Cultura, Fernando Rocha, na reunião pública do executivo municipal.

Após ter tomado conhecimento e apresentado uma queixa-crime no Ministério Público (MP), a Câmara Municipal de Matosinhos vai, agora, tentar identificar com “maior exatidão” os danos causados e delinear um plano de ação para recuperar o que restou, adiantou.

Fernando Rocha esclareceu que foram “removidas muitas terras e retiradas muitas árvores”, e que a chuva “pode pôr em causa o que ainda resta do Castro”, daí ser “urgente” uma intervenção.

Depois de ter apresentado queixa no MP e de comunicar a situação à Direção Regional de Cultura do Norte, o vereador reconheceu que a Câmara não pode fazer mais por se tratar de terrenos privados.

“Não há palavras para classificar esta situação. Demonstra uma total falta de respeito pela história de Matosinhos e pelo património. Deixaram o Castro num estado lastimável”, vincou o vereador.

A autarquia qualifica o lugar do Castro do Monte Castêlo como um ponto fulcral para a história de Matosinhos e da Área Metropolitana do Porto, preservando as raízes da primeira povoação. No passado mês de abril iniciou-se a terceira campanha arqueológica, cujos primeiros vestígios desta ocupação foram revelados em 2016.

As escavações de 2016 e 2017 puseram a nu diversos muros que corresponderiam à existência naquele local de duas casas do tempo do Império Romano, mas também construções mais antigas. Foram ainda recolhidos, para estudo posterior, numerosos fragmentos de cerâmica e amostras de sementes, os quais deverão dar indicações para a reconstituição dos diversos aspetos da vivência quotidiana das populações que habitaram aquele local há cerca de dois mil anos.

A “grande quantidade” de ânforas encontradas tem, segundo a câmara, evidenciado a diversidade de contactos comerciais deste porto com zonas como a Itália ou o norte de África.

// Lusa

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