“As casas arderam, as árvores não” nos incêndios em Los Angeles

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Caroline Brehman / EPA

Número de vítimas mortais sobe para 25. E os próximos dias não serão melhores, indica a previsão meteorológica.

Quase uma semana depois do início dos incêndios em Los Angeles, há 25 mortos confirmados e 23 desaparecidos e uma situação que permanece volátil, com ameaça de agravamento do vento e três fogos por controlar.

O maior incêndio, em Pacific Palisades, está com um nível de contenção de apenas 14%, sendo o maior e mais destrutivo no condado, onde morreram oito pessoas.

O fogo de Eaton, em Altadena (perto de Pasadena) está 33% contido numa altura em que já estão confirmadas 17 mortes. Em Sylmar, o fogo de Hurst é o que está mais próximo de ser controlado, com a contenção em 95%.

Há pelo menos 2.500 operacionais a combater os fogos em Los Angeles, o que inclui Guarda Nacional e bombeiros vindos do México e Canadá. Depois de alguma acalmia nos ventos de Santa Ana que fizeram deflagrar estes fogos, o condado está novamente sob aviso vermelho durante os próximos dois dias.

Condições climáticas críticas elevadas para incêndio continuarão até quarta-feira”, avisou o chefe do Corpo de Bombeiros do Condado de Los Angeles, Anthony C. Marrone. “Esses ventos, combinados com baixa humidade, manterão a ameaça de incêndio em todo o Condado de Los Angeles muito alta.”

A “culpa”

Los Angeles está em pleno inverno. Tal como acontece no resto do hemisfério norte, Portugal incluído, os EUA estão no inverno.

Mas o climatologista Carlos da Câmara reforça que a origem está na combinação invulgar que já tinha sido anunciada: humidade muito baixa, ventos muito fortes e uma seca invulgar – praticamente não chove há três meses.

Mas, mais do que a origem, o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa destaca as consequências. Muitos destes fogos são urbanos; e causam tamanha destruição devido ao “desajustamento da paisagem urbana, misturada com vegetação“.

O especialista admite que este evento meteorológico está relacionado com alterações climáticas, mas avisa: “Nem alterações climáticas devem ser o bode expiatório, nem devemos culpar as ignições. O que temos é de culpar a ausência de estratégia, que demora anos a ser implementada”.

A origem pode ser por falha elétrica, por descuido, ou por crime; mas o maior problema desta vaga de incêndios é perceber “como uma ou duas ignições atingem esta escala”.

As casas arderam, as árvores não!“, salienta Carlos da Câmara, na rádio Observador. É o resultado de uma “biomassa rasteira, típica da construção” nos EUA.

A propagação do fogo foi essencialmente devido a “projeções, ventos, biomassa incandescente que anda quilómetros. Há que mudar radicalmente a forma como se constrói e como se gere o combustível nos subúrbios de Los Angeles”.

“Esta arquitetura não é compatível com estas situações, que serão cada vez mais frequentes num futuro próximo”, comenta o climatologista.

ZAP // Lusa

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