Conduzir um carro novo pode ter um custo para a nossa saúde

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Leo Nguyen / Wikimedia

Interior de um Tesla Model 3 autónomo

Para alguns, não há nada tão luxuoso como o cheiro de um carro novo. Essa fragrância – uma mistura de fumos criados por superfícies e estofos novos – pode ser boa, mas uma exposição prolongada a temperaturas mais elevadas tem um custo para aqueles que passam muito tempo num desses veículos.

Investigadores chineses e norte-americanos descobriram que os níveis de uma série de químicos causadores de cancro excederam os limites de segurança dentro de um carro novo estacionado no exterior durante 12 dias, relatou o Science Alert.

Formaldeído, um composto encontrado em desinfetantes, germicidas e fogões a gás, foi detetado em níveis que excederam em 35% as normas de segurança nacionais chinesas. O acetaldeído, um provável cancerígeno de classe II, foi encontrado em concentrações que ultrapassaram os limites de segurança em 61%.

O benzeno, um carcinogénico encontrado em tintas, gasolina e cigarros, também atingiu níveis considerados inseguros para os condutores que passam longas horas em automóveis.

No conjunto, o Risco Incremental de Cancro durante a Vida (ILCR) proveniente de múltiplos compostos orgânicos voláteis detetados no interior de um carro novo utilizado era suficientemente elevado para implicar um “elevado risco para a saúde dos condutores”.

“Geralmente, uma ILCR de 10-6 ou menos é considerada segura, entre 10-6 e 10-4 indica um risco potencial, e superior a 10-4 indica um elevado risco potencial para a saúde”, explicaram os investigadores, num estudo publicado recentemente na Cell Reports Physical Science.

A experiência de campo revelou níveis de carcinogénicos conhecidos e alterados dentro de um carro novo, num local onde o clima variava.

O estudo estimou a exposição de taxistas e passageiros (que normalmente passam 11 horas e 1,5 horas num automóvel por dia, respetivamente) a compostos voláteis (ou transportados pelo ar) que podem ser absorvidos através da pele ou ingeridos, embora sejam na sua maioria inalados.

O SUV de tamanho médio utilizado na experiência continha plástico, imitação de pele, tecido e feltro. Quando estes materiais são novos, libertam uma variedade de compostos orgânicos voláteis no ar, um processo conhecido como “off-gasing”.

Os investigadores recolheram amostras de ar do carro e utilizaram a espetroscopia de massa por cromatografia a gás para determinar as concentrações de 20 substâncias químicas em diferentes momentos.

À medida que o carro aqueceu durante o dia, a sua temperatura interior flutuou entre 21°C e 63°C. As concentrações de produtos químicos voláteis também assumiram um padrão cíclico, impulsionado pela temperatura da superfície (em vez da temperatura do ar) no interior do automóvel.

Uma pesquisa anterior mostrou que apenas 20 minutos de condução num carro novo pode expor as pessoas a quantidades inseguras de benzeno e formaldeído, com os riscos de saúde a aumentar para aqueles que têm deslocações mais longas.

Embora os resultados mereçam certamente atenção, vale a pena ter em mente que a exposição aos químicos dos automóveis novos pode ser limitada com algumas medidas de senso comum. Em alternativa, é possível optar por um automóvel em segunda mão ou utilizar transporte alternativo.

ZAP //

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