Um estudo recente revela o mais antigo sítio arqueológico datado diretamente na África Ocidental, estendendo o período conhecido de kits de ferramentas da Idade da Pedra Média na região para há 150 000 anos.
Um novo estudo publicado na Nature Ecology and Evolution descobriu padrões únicos nas mudanças culturais na África ocidental em comparação com outras regiões do continente. A pesquisa foi feita no sítio arqueológico mais antigo da África ocidental e mostra uma continuidade tecnológica ao longo de cerca de 140 000 anos e dá novas pistas sobre a estabilidade ecológica da região.
A nossa espécie emergiu em África há cerca de 300 mil anos e tipicamente usou ferramentas e técnicas de criação de ferramentas conhecidas como kits de ferramentas da Idade da Pedra Média, até entre há 30 e 60 mil anos.
Nesta mesma altura, começaram a emergir kits de ferramentas da Idade da Pedra Posterior no norte, leste e sul de África. Mas os indícios mais recentes sugerem que os kits de ferramentas da Idade da Pedra Média persistiram na África ocidental até muito mais tarde — até há cerca de 10 mil anos — e não se sabe ao certo qual é a antiguidade deste tipo de tecnologias.
A nova pesquisa, que fez escavações no sítio se Bargny 1, no Senegal, alarga o período em que se sabe que as ferramentas da Idade da Pedra Média eram usadas na África Ocidental até há 150 mil anos.
“O conjunto de ferramentas de pedra datado de 150 mil anos atrás mostra características clássicas da Idade da Pedra Média, com o uso de Levallois e métodos de redução discoidal e o uso de pequenas ferramentas de lasca retocadas em vez de implementos maiores”, explica Khady Niang, autora principal do estudo.
A cientista acrescenta que o sítio de Bargny 1 é o “primeiro na África ocidental datado do Pleistoceno Médio, antes do início da regionalização tecnológica substancial noutras partes da África”, cita o SciTech Daily.
Nenhum artefacto que indica um envolvimento humano direto foi encontrado, mas o estudos dos ambientes dá pistas. “Encontramos microfósseis de plantas de mangue e salobra associados à ocupação do local. Isto é particularmente interessante porque mostra que o sítio estava localizado perto de um estuário e demonstra a importância desses habitats para os humanos do passado e do presente”, refere Chris Kiahtipes, co-autor do estudo.
“Uma explicação para a continuidade cultural duradoura que observamos é que foi uma adaptação comportamental estável a condições ambientais estáveis, enquanto o isolamento potencial de outras populações em toda a África também pode ter levado à estabilidade demográfica. O nosso estudo ajuda a ilustrar a utilidade persistente das tecnologias da Idade da Pedra Média para habitar os diversos habitats encontrados em toda a África”, remata o co-autor Jimbob Blinkhorn.
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