Cancelar voos passou a ser normal?

Só nos EUA foram cancelados mais de 12 mil viagens de avião, nos últimos dias do ano passado.

As viagens de avião também foram afectadas pela pandemia. Muito afectadas, na verdade. No início, em Março e Abril de 2020, os empregos pararam, sair do país era proibido em inúmeros pontos do planeta e praticamente deixámos de ver aviões no céu. Entretanto os aviões voltaram a levantar mas o calendário tem sofrido alterações diariamente, afectando milhares ou mesmo milhões de pessoas.

Só no primeiro dia de 2021 foram cancelados mais de 4.200 voos, contabilizando os aeroportos de todos os países. Foi o dia com mais perturbações de sempre na história da aviação.

Na semana passada, entre os dias 24 e 30 de Dezembro, e olhando apenas para os aeroportos dos Estados Unidos da América, foram cancelados mais de 12 mil voos e adiados mais de 45 mil. Não propriamente por causa de medidas governamentais, mas mais por causa de falta de funcionários (muitos elementos de tripulações em casa, infectados pelo coronavírus) e por causa da meteorologia.

E, por cada passageiro que já não conseguiu viajar, pode haver entre cinco e 10 familiares ou amigos que também vêem os seus planos alterados, porque esperavam por essa pessoa à mesa, no Natal e no Ano Novo. A associação foi feita por Dennis Tajer, piloto da American Airlines, ao jornal USA Today.

Já é habitual os horários nos aeroportos serem alterados constantemente no Inverno, por causa do mau tempo, mas a COVID-19 e sobretudo a variante Ómicron introduziram alterações que o mundo da aviação nunca tinha atravessado, explicou o especialista Henry Harteveldt, que avisou: “As companhias de aviação têm muito poucos membros de tripulação disponíveis“.

A companhia local JetBlue Airways, e também devido à falta de pessoal, cancelou mais de mil voos que estavam previstos para as duas primeiras semanas de 2022. A SkyWest Airlines admitiu que há pouca tripulação disponível devido ao coronavírus e às várias quarentenas. Grandes empresas como Delta Air Lines, American Airlines e United Airlines confirmaram também que a Ómicron alteraram os seus programas.

“Os passageiros que vão entrar em aviões nos próximos dias podem encontrar um ambiente operacional desigual, talvez até caótico, nas companhias aéreas”, continuou Henry Harteveldt.

Algumas companhias aéreas estarão a tentar que os seus trabalhadores apareçam nos respectivos voos, mesmo que se sintam doentes: pagam o triplo aos comissários de bordo para estes apareceram nos períodos com mais viagens ou retiram o pagamento de horas extra a pilotos que estejam doentes. A ideia será evitar que haja trabalhadores que digam que estão doentes – mas não estão.

Mas há o risco de “castigar” trabalhadores que estão realmente doentes, mas que não apresentam sintomas graves. E assim vão trabalhar na mesma (à procura de dinheiro extra) e poderão estar infectados e a infectar outras pessoas.

E então, o que devem os passageiros fazer, neste contexto de adiamentos ou cancelamentos frequentes?

Aderir às notificações por telemóvel ou e-mail é uma prioridade. Estar psicologicamente preparado para alterações também deve fazer parte deste “novo normal”.

Para os passageiros que precisem de mais do que um avião para chegar ao destino, é melhor deixar um intervalo considerável entre as viagens, porque um dos aviões pode atrasar-se. Também é útil planear chegar ao destino um dia antes da data prevista.

Em caso de reembolso, o ideal é aceitar dinheiro e não crédito para voltar a gastar na mesma companhia.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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