Nova reportagem do The Guardian relata exibicionismo, masturbação e ameaças físicas em várias partes do caminho de Portugal e Espanha. “Está a ser encarado como incidente isolado, mas não é”, diz vítima.
Peregrinas que percorrem o histórico Caminho de Santiago relatam histórias “aterradoras” de assédio e agressão sexual The Guardian esta segunda-feira, envolvendo homens que se expuseram, se masturbaram e até as ameaçaram fisicamente.
Um total de 9 mulheres falaram com o jornal britânico sobre os seus casos e o problema foi descrito como “endémico” pela fundadora de um fórum para mulheres peregrinas.
Uma peregrina canadiana recorda ao jornal um incidente de 2019, quando foi seguida por um homem que se expôs e a perseguiu nos arredores da cidade de Mieres, no norte de Espanha.
Sarah estava numa parte mais remota do caminho quando se apercebeu da presença do homem. Depois de se esconder num café, relata que o homem estava à sua espera numa parte mais à frente do caminho, com o fecho das calças aberto e a agarrar nos órgãos genitais.
“Fiquei horrorizada”, disse: “senti-me muito, muito insegura naquele momento”.
A sua fuga levou-a até à casa de um agente da polícia, que estava de folga — uma reviravolta que pode ter-lhe salvado a vida. Mais tarde, as autoridades descobriram que o seu perseguidor trazia consigo uma faca e balas e que já tinha sido condenado por violação.
Muitos incidentes ocorrem em zonas remotas ou isoladas, o que torna difícil a procura de ajuda imediata.
Outra peregrina canadiana deparou-se com um homem nu no seu caminho. Algumas mulheres sentiram-se obrigadas a encurtar a sua viagem devido a estes incidentes. Yasmina, 27 anos, encontrou um homem a masturbar-se junto a uma árvore perto de Astorga, em Espanha. Receosa de que ele a seguisse até ao seu albergue, acabou por decidir abandonar a sua peregrinação.
Outra mulher, Rosie, de 25 anos, foi vítima de assédio enquanto percorria um trilho isolado em Tomar, em plena luz do dia, pelas 7 horas da manhã. Um homem, com as calças para baixo, seguiu-a, enquanto se masturbava.
“Há 15 minutos que não via um carro”, relata. A mochila pesada abrandava a fuga e o sinal de rede, fraco naquela zona florestal, dificultou a chamada para a polícia, que mais tarde patrulhou a zona. “Naquela altura, senti-me completamente sozinha”, confessa.
Apesar de tudo, nenhum suspeito foi identificado na sequência das cinco denúncias.
“Está a ser encarado como um incidente isolado, enquanto eu conheço tantas outras pessoas a quem aconteceram coisas — não é um assunto isolado”, acredita Rosie.
Enquanto algumas mulheres relataram reações rápidas da polícia, outras enfrentaram atitudes de desdém. Jolien Denyayer, 27 anos, recebeu pouca ajuda quando denunciou um homem que se estava a masturbar perto de Logroño. Depois de ter contactado a polícia várias vezes sem resultado, sentiu-se abandonada.
O Caminho de Santiago, com a sua rede de rotas que termina no santuário de Santiago de Compostela, atrai peregrinos desde o século VIII. Hoje em dia, recebe centenas de milhares de caminhantes por ano e, embora os relatos de assédio afetem apenas uma fração destes, os relatos sugerem para alguns um problema sistémico.
Enfim. Pobres ovelhas e cabras, ainda aparece algum um juiz português a dizer que as peregrinas é que provocaram os energumenos.
Há homens tão, mas tão absolutamente patéticos. E é triste que a policia não actue seriamente sobre estes trastes, Depois, um dia, vai aparecer uma peregrina violada e morta e aí cai o carmo e a trindade, quando na verdade nada se fez para proteger estas mulheres.
A polícia, muitas vezes, não pode fazer muito, a lei protege os criminosos. São sempre uns coitadinhos… cheios de direitos … muito traumatizados … a sociedade que não lhes deu o que queriam … etc..