Câmara do Porto pagou obras que nunca avançaram nas “ilhas” habitacionais

A Câmara prometeu e pagou obras nas ilhas no Bonfim, mas as renovações nunca se concretizaram.

No coração do Porto antigo, um grupo de moradias denominadas ‘ilhas’, muitas habitadas por idosos, está há anos à espera de obras que foram prometidas pela autarquia e a nunca avançaram.

De acordo com o Correio da Manhã, há várias irregularidades nas obras de renovação que, apesar de pagas, nunca foram em frente.

Numa destas ‘ilhas’, localizada na Rua de S. Vítor, na freguesia de Bonfim, os moradores idosos convivem com a degradação diária das suas casas, muitas já com condições impróprias para habitação.

A Câmara do Porto, confiante de que a situação estaria a ser remediada, financiou reparos no valor de quase 15 mil euros. No entanto, segundo os residentes e confirmado por uma auditoria camarária, estas melhorias nunca foram efetuadas.

Os moradores mais antigos queixam-se da inação da Junta de Freguesia do Bonfim em tomar medidas para resolver os problemas estruturais destas habitações. “Nunca foi feita qualquer intervenção aqui. As únicas obras que existem são feitas por nós, a junta nunca fez nada”, afirma um casal idoso que mora numa das casas.

Num dos casos mais graves, um casal vive em condições precárias, sem acesso a serviços básicos como eletricidade e água, numa casa que exigiria pelo menos 12 mil euros em reparos.

Já no número 14 da Travessa da Vera Cruz, a junta garantiu que fez obras numa casa de banho e numa cozinha, algo que nem sequer pôde ser verificado pela Domus Social, porque não existe qualquer número 14 na referida travessa.

A situação torna-se ainda mais paradoxal quando se considera que o programa da autarquia se chama ‘Casa Camarária, Vida Renovada’, um slogan que contrasta fortemente com a realidade vivida por estes moradores.

Perante estes acontecimentos, a posição da Junta de Freguesia do Bonfim é de silêncio. João Ricardo de Aguiar, presidente da Junta e responsável por pelouros como Coesão Social e Saúde, não respondeu às tentativas de contacto do Correio da Manhã.

Os moradores das ‘ilhas’ permanecem assim num impasse, aguardando a melhoria das condições de vida que lhes foi prometida.

ZAP //

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