Cães com demência também têm problemas de sono

Um grupo de investigadores descobriu que os cães com demência parecem passar menos tempo a dormir do que os que têm cérebros saudáveis – tal como acontece com os humanos.

As pessoas com demência podem ter problemas de sono, nomeadamente dificuldade em adormecer. Esses indivíduos sofrem também alterações nas ondas cerebrais durante o sono. Estas ondas são relevantes para a consolidação da memória e parecem estar ligadas à atividade cerebral de eliminação de resíduos.

A perturbação do sono pode ocorrer em cães que sofrem de uma doença semelhante à demência nos humanos, relatou o Guardian.

“As alterações nos hábitos de sono devem ser esperadas em cães mais velhos e podem ser um prenúncio de declínio da cognição”, afirmou a professora Natasha Olby, autora sénior de um estudo da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos (EUA).

Na Frontiers in Veterinary Science, Natasha Olby e os colegas divulgaram o seu estudo com 28 cães com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos. As ondas cerebrais dos animais foram registadas por eletroencefalograma (EEG) enquanto estes dormiam uma sesta de duas horas à tarde.

Os investigadores avaliaram as respostas dos donos a um questionário e o desempenho de cada cão numa série de tarefas de resolução de problemas, de memória e de atenção, para verificar se tinham, ou estavam em risco de ter, demência canina. Vinte tinham défice cognitivo, sendo este considerado grave em oito deles.

Combinando os dados, a equipa descobriu que os cães com pontuações mais elevadas de demência demoravam mais tempo a adormecer e passavam menos tempo a dormir.

Além disso, a equipa encontrou sinais de que os cães com um desempenho inferior numa tarefa de memória tinham um sono menos profundo.

Nick Sutton, especialista em saúde e ciência canina do Kennel Club, que não esteve envolvido no trabalho, congratulou-se com o estudo. “Os humanos com demência têm frequentemente perturbações do sono e esta investigação sugere que não somos os únicos”, afirmou.

“Descobrir que os cães com demência podem passar menos tempo em certas fases essenciais do sono é uma descoberta fascinante, que demonstra a importância de falar com o seu veterinário se notar quaisquer alterações preocupantes no seu cão, incluindo comportamentos de sono invulgares”, acrescentou.

Embora não exista cura para a demência humana ou canina, Natasha Olby indicou que a equipa pretende seguir os cães antes e durante a progressão da demência para identificar alterações precoces que possam servir de indicadores de problemas futuros.

“A compreensão permite-nos procurar formas de tratar a doença subjacente”, disse, sublinhando que os tratamentos bem sucedidos em cães podem ajudar a abrir caminho para tratamentos em humanos. “Assim, os cães e os seus donos só têm a ganhar”, afirmou.

ZAP //

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