Cabrita ouvido como arguido. Pelo Ministério Público, “não estaria aqui”

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Mário Cruz / Lusa

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita

O advogado da família do trabalhador atropelado mortalmente pelo carro onde seguia o ex-ministro Eduardo Cabrita na A6 pediu hoje que seja feita justiça e considerou haver motivos para levar o antigo governante a julgamento.

O antigo ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita e o seu chefe de segurança à época do atropelamento mortal na A6 estão esta esta sexta-feira a ser interrogados como arguidos na instrução do processo, no Tribunal de Évora.

O ex-ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita foi em abril formalmente constituído arguido no caso, que teve lugar em 2021.

Em declarações aos jornalistas à entrada do Tribunal de Évora, o advogado da família do trabalhador atropelado mortalmente pediu que seja feita justiça.

“A família tem feito tudo e mais alguma coisa para haver justiça e para responsabilizar quem deve ser responsabilizado”, afirmou José Joaquim Barros.

Questionado sobre se há motivos para que o ex-ministro seja pronunciado, o causídico respondeu que sim e lembrou a decisão do Tribunal da Relação de Évora (TRE) em relação ao seu recurso que determinou a reabertura da instrução.

“É importante, não só para a família, mas para o país inteiro, que comece a haver alguém responsável neste país, sobretudo pessoas que tiveram ou têm poder. É uma questão de justiça e de responsabilização de quem deve ser responsabilizado”, vincou.

Também em declarações aos jornalistas à entrada para a sessão, o advogado Paulo Graça, que representa a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), disse entender que há motivos para o antigo governante e o seu motorista se sentarem no banco dos réus.

Há factos suficientes para o doutor Eduardo Cabrita e o motorista irem a julgamento, independentemente das declarações que hoje produzam, só com o material que já está no processo”, defendeu.

Sublinhando o papel que a sociedade civil deve desempenhar no funcionamento da justiça, Paulo Graça deu como exemplo este processo.

“O doutor Eduardo cabrita, por exemplo, está aqui porque houve uma associação, que eu represento, que lutou na justiça para que isso acontecesse, porque, pelo Ministério Público, ele não estaria aqui”, vincou.

O causídico da ACA-M recordou que “morreu uma pessoa e essa pessoa faleceu por ter havido atos” que, no seu entender, foram “negligentes sob o ponto de vista da condução, que são punidos por lei e que não devem ficar impunes”.

“Tanto mais quando, na circunstância em causa, o veículo que matou esta pessoa transportava um alto dignitário da nação com responsabilidades evidentes, precisamente, nesta área e que, em nosso entender, incumpriu tudo aquilo pelo qual deveria lutar”, acrescentou.

De resto, nenhum dos arguidos ou advogados que os defendem aceitaram prestar declarações aos jornalistas à entrada para o tribunal, com o advogado do ex-ministro, Magalhães e Silva, a recordar que nesta sessão só serão feitas declarações e que “a decisão é só no dia 30”.

Eduardo Cabrita e o seu então chefe de segurança, Nuno Dias, estão a ser interrogados como arguidos, no Tribunal de Évora, na instrução do processo do atropelamento mortal na A6.

O debate instrutório está marcado para o dia 30 de junho, a partir das 10:30, na sala de audiências principal do Tribunal de Évora.

Estas novas diligências instrutórias foram marcadas pelo juiz de instrução depois de o TRE ter dado provimento e provimento parcial, respetivamente, aos recursos da ACA-M e da família.

A fase de instrução foi assim aberta para os três arguidos, ou seja, para o motorista do antigo ministro, Marco Pontes, o único acusado no processo, de homicídio por negligência, e cujo debate instrutório já foi realizado, e também para Eduardo Cabrita e Nuno Dias.

A 18 de junho de 2021, Nuno Santos, funcionário de uma empresa que realizava trabalhos de manutenção na A6, foi atropelado mortalmente pelo automóvel em que seguia o então ministro, no concelho de Évora.

// Lusa

8 Comments

  1. Senão fosse o carro de um Ministro sim um particular era a pessoa que atravessa a autoestrada o culpado, mas como foi o carro em que seguia um ministro já é este que é o culpado
    Pergunto:
    Pode-se atravessar uma autoestrada em qualquer sitio?

    • Pergunto: a que velocidade se pode circular numa autoestrada ?
      Pergunto: se o veículo circulasse a 120 Km /hora, teria morrido o cidadão ?
      Pergunto: sabe a que velocidade foi determinado que circulava a viatura ? Com desconto para não ser tão chocante !!!
      Ultimo pergunto: sabe o que é dar o exemplo, seja ministro, seja secretário, seja chefe do que quer que seja ?

      • E o que são os 120km/h? É a velocidade para além da qual o acidente acontece? A velocidades inferiores não acontece? Mas é suposto alguém andar a atravessar a AE a pé?
        Culpa repartida para quem circula a 160 e para quem atravessa AE’s a pé

      • Imaginem-se Trabalhos em Curso numa Auto Estrada, ASSINALADOS, e um dos funcionários da empresa que efectua os trabalhos atravessar a AE, MOTORIZADO! Qual seria o tipo de veículo apropriado para não atravessar a pé? Atravessar AE´s a pé SÓ EM ZONAS DE TRABALHOS EM CURSO, DEVIDAMENTE ASSINALADOS, como era o caso!

    • Ouça lá, você é parvo?? Não sabe que havia trabalhos em curso e que a viatura cujo responsável máximo era o ministro circulava para além dos limites de velocidade?!

    • Não sabendo esclarecer quem era o chefe da viatura, acho que deve considerar-se responsável da viatura o condutor e o ministro conduzido responsável por não permitir desrespeito pelo código da estrada.
      Foram ultrapassados os limites de velocidade e não respeitada a sinalização de trabalhos em curso que, em muitos casos é esquecida no local depois dos trabalhos terminados mas… Sempre conveniente respeitar!

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