O cabelo encaracolado tinha um benefício escondido para os nossos antepassados, que até os ajudava a transpirar menos.
A vida antes do ar condicionado era, sem dúvida, um desafio, especialmente em regiões com calor intenso e exposição constante ao sol.
No entanto, uma nova investigação sugere que os primeiros seres humanos podem ter tido uma adaptação natural para se manterem frescos e conservarem água: o cabelo encaracolado.
Um estudo conduzido por investigadores da Penn State University explorou o papel da textura do cabelo na regulação da temperatura do corpo e a forma como pode ter contribuído para a evolução do crescimento do cérebro humano.
O estudo, publicado esta semana na PNAS, focou-se nos seres humanos na África equatorial, onde o sol é mais intenso.
O couro cabeludo e o topo da cabeça recebem níveis significativos de radiação solar sob a forma de calor, e os investigadores pretendiam compreender de que forma este facto influenciou a evolução do cabelo humano.
Os investigadores examinaram a forma como as diferentes texturas de cabelo afetavam o ganho de calor da radiação solar.
As experiências envolveram a programação do manequim para manter uma temperatura de superfície constante, semelhante à da pele humana, e a sua exposição a lâmpadas que simulavam a radiação solar sob várias condições do cabelo do couro cabeludo.
Os investigadores calcularam a diferença de perda de calor entre as medições de base e as medições da lâmpada para determinar o influxo de radiação solar na cabeça.
Os resultados revelaram que todos os tipos de cabelo reduziam a radiação solar para o couro cabeludo, mas o cabelo encaracolado proporcionava a melhor proteção contra o calor do sol, minimizando a necessidade de suar para arrefecer.
Esta adaptação permitiu que os primeiros seres humanos se mantivessem frescos sem gastar recursos adicionais ou perder quantidades excessivas de água e eletrólitos através da transpiração.
Os investigadores também destacaram a correlação entre o andar ereto e o crescimento do cérebro. Quando os primeiros humanos começaram a andar de pé na África equatorial, o topo das suas cabeças ficou exposto a mais radiação solar.
Ao reduzir a quantidade de calor obtida pela radiação solar, o cabelo permitiu que os primeiros seres humanos mantivessem uma temperatura mais baixa na cabeça e evitassem condições perigosas como a insolação.