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Brasileiros produzem em laboratório o futuro substituto do plástico: teias de aranha

Richard Elzey / Flickr

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Investigadores brasileiros da tecnológica Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia estão a desenvolver uma pesquisa, em Brasília, para o fabrico de teias de aranha em laboratório, divulgou hoje a imprensa brasileira.

Elíbio Rech, que lidera a investigação, disse à Agência Brasil que a teia de aranha é um produto com alta aplicabilidade comercial e a forma como pode ser produzida define o conceito de sustentabilidade e uso racional da biodiversidade.

A pesquisa da Embrapa começou em 2003 com a procura na Amazónia, na Mata Atlântica e no Cerrado, de aranhas que produzissem fibras e o mapeamento genético das glândulas que produzissem as proteínas que vão dar origem à seda da teia.

Segundo a pós-doutoranda da Universidade de Brasília (UnB) Valquíria Lacerda, que trabalha no projeto, a criação em laboratório das proteínas da aranha é feita pela bactéria Escherichia coli.

Para explicar os possíveis usos desta fibra, Rech faz a comparação com o plástico, ou seja, serve para quase tudo.

d.r. Embrapa

Elibio Rech Filho, investigador da Embrapa

Elibio Rech Filho, investigador da Embrapa

“É um material novo que tem duas características, flexibilidade e resistência, e também é biodegradável. Tem uma característica física que permite um melhor desempenho para tudo”, sublinhou o investigador.

A fibra pode ser usada na produção de tecidos, em fios para sutura, para quem tem alergia ao nylon, por exemplo, e também em nanopartículas para o envio preciso de drogas e medicamentos para o corpo humano.

Segundo Rech, a tecnologia da produção de fios de teias de aranha já está dominada e o próximo passo é definir um meio económico, rápido e seguro para a sua produção em larga escala.

“O nosso interesse era juntar as duas coisas, que nós possamos produzir essa fibra, que está a ser feita hoje em bactéria, numa semente de soja ou noutra planta, de forma a reduzir o custo de produção”, referiu Rech.

Os investigadores já fizeram testes preliminares para introduzir em plantas, mas precisam de mais pessoas para compor o grupo de estudos.

“No setor público temos dificuldade em manter os grandes cérebros, as pessoas vêm, ficam um tempo, recebem outras propostas e acabam saindo. Isso não é ideal para o projeto, mas faz parte da formação, o país ganha com isso”, disse Rech.

/Lusa

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