Boris Johnson soma polémicas. Desta vez, por causa da remodelação do apartamento de Downing Street

O primeiro-ministro britânico está, de novo, envolto em polémica. A oposição acusa Boris Johnson de corrupção, depois de terem sido divulgadas mensagens onde o governante promete ajuda a um doador privado para a realização de uma exposição em troca de mais fundos para a remodelação da residência oficial. 

A imprensa britânica divulgou, esta sexta-feira, mensagens no WhatsApp entre Boris Johnson e o financiador político David Brownlow, datadas de novembro de 2020.

Segundo a Sky News, as mensagens revelam um acordo para o financiamento de obras na residência, em Downing Street, em troca de apoio para a realização de um evento cultural.

De acordo com os registos ministeriais, dois meses após estas mensagens, Brownlow encontrou-se com o então ministro da Cultura Oliver Dowden para “discutir os planos para a Grande Exposição 2.0”.

“Parece que o Lorde [David] Brownlow teve acesso ao primeiro-ministro e ao ministro de Cultura porque estava a pagar pela remodelação luxuosa do seu apartamento (…) Nesse caso, é corrupção pura e simples“, afirmou Angela Rayner, vice-líder dos trabalhistas.

Boris Johnson apresentou “desculpas humildes e sinceras” por não ter revelado as mensagens no âmbito de uma investigação sobre quem financiou a remodelação dos aposentos pessoais em Downing Street.

O primeiro-ministro foi forçado a pedir desculpas a Christopher Geidt, responsável por fiscalizar o cumprimento das normas de conduta dos ministros, porque a informação divulgada posteriormente punha em causa o testemunho que o ilibou de irregularidades.

Numa carta datada de 21 de dezembro, Boris atribuiu a confusão a uma troca de telemóveis e prometeu tomar medidas para que este tipo de mal-entendidos “não voltem a acontecer no futuro”.

Geidt, que se tinha queixado de “falta de respeito”, respondeu dois dias depois, reiterando que o “episódio abalou a confiança” devido às “falhas potenciais e reais” no processo de facilitação de informação pelo gabinete do primeiro-ministro.

Porém, manteve que os novos factos não invalidam a conclusão do inquérito finalizado no início deste ano de que o primeiro-ministro não transgrediu os regulamentos.

Numa primeira investigação à potencial violação do código ministerial por não declarar donativos, Geidt, que é membro da Câmara dos Lordes e foi secretário privado da Rainha Isabel II, absolveu Boris porque este disse que não conhecia a origem do financiamento.

Mesmo assim, considerou que Boris se portou de forma “imprudente” pela forma como financiou as obras.

Contudo, numa segunda investigação, a Comissão Eleitoral identificou provas de que Boris enviou ao milionário David Brownlow uma mensagem, em novembro de 2020, “pedindo-lhe para autorizar ainda mais, naquela altura sem especificar, obras de remodelação na residência“, o que sugere que o primeiro-ministro sabia de onde vinha o dinheiro.

As regras parlamentares dizem que qualquer donativo acima de 500 libras (600 euros) deve ser registado e declarado.

Como penalização, a Comissão Eleitoral multou o Partido Conservador em 17.800 libras (21.300 euros) por ter concluído que os conservadores não conseguiram “documentar com precisão um donativo e manter um registo de contabilidade adequado” do dinheiro entregue em outubro de 2020 por Brownlow, militante e membro da Câmara dos Lordes pelo Partido Conservador.

O relatório da Comissão Eleitoral disse que os conservadores alegaram repetidamente que o dinheiro não tinha sido um donativo ao Partido, e que as justificações para o pagamento variaram entre ser “um donativo ao primeiro-ministro através do partido”, um “presente para a nação”, um “assunto ministerial” e o “reembolso de um empréstimo”.

No relatório final, a Comissão calculou que Brownlow entregou 52.801,72 libras (63.165.91 euros) ao Partido Conservador para pagar as obras de remodelação, as quais, segundo a imprensa britânica, terão custado perto de 200.000 libras (239.000 euros), incluindo papel de parede dourado escolhido pela mulher, Carrie.

A despesa gerou controvérsia por ter ultrapassado em muito o limite anual de 30.000 libras (36.000 euros) concedido ao primeiro-ministro para decorar os aposentos pessoais na residência oficial, em Downing Street.

Apesar de oficialmente a morada do chefe do Governo ser no número 10, Boris Johnson e alguns dos antecessores têm-se instalado no apartamento ao lado, no número 11, pertencente oficialmente ao ministro das Finanças.

O governante foi acusado pela oposição de “mentir” sobre a origem do financiamento para as obras de remodelação do apartamento em Downing Street. Na sequência do escândalo, Boris acabou por assumir o custo total das obras.

ZAP // Lusa

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