Cientistas descobrem uma “bomba-relógio” ecológica que ameaça os ecossistemas

Uma pesquisa descobriu que as espécies de plantas invasoras ficam dormentes até que as condições climáticas sejam favoráveis à sua propagação.

Um estudo recentemente publicado na revista Nature Ecology and Evolution revela que as plantas invasoras podem permanecer dormentes durante décadas ou mesmo séculos após serem introduzidas num novo ambiente, antes de se expandirem rapidamente e causarem estragos ecológicos.

A pesquisa analisou mais de 5700 espécies de plantas invasoras em nove regiões do mundo, marcando a análise mais abrangente sobre invasões de plantas realizada até o momento.

Mohsen Mesgaran, professor assistente no Departamento de Ciências das Plantas da UC Davis e autor principal do estudo, alerta que essa dormência permite que tais plantas sejam ignoradas, contribuindo para sua eventual emergência como uma séria ameaça invasora, comparando-as a “bombas-relógio invasoras“.

A equipa descobriu que quase um terço das plantas invasoras analisadas exibiu períodos de latência entre a introdução e a expansão rápida, com o tempo médio a ser de 40 anos. O período de dormência mais longo observado foi de 320 anos para os bordos-sicômoros no Reino Unido.

As espécies não nativas são geralmente introduzidas acidentalmente ou através de importações intencionais para fins medicinais, ornamentais, agrícolas, entre outros.

Na Califórnia, cerca de 65% das plantas invasoras foram introduzidas de forma consciente. O aumento do comércio, transporte e turismo pode intensificar o problema, aponta o SciTech Daily.

Para gerar uma lista de plantas invasoras e obter dados globais sobre localização e tempo de observação das espécies, os investigadores utilizaram registos de herbários, que são digitalizados e acessíveis online, e aplicaram uma análise de séries temporais para detetar períodos de latência e uma segunda análise que comparou as condições climáticas durante as fases de dormência e expansão.

Em 90% dos casos, as condições climáticas eram diferentes quando as espécies se espalharam, sugerindo que as plantas esperaram pelas condições certas ou adaptaram-se para sobreviver num ambiente anteriormente inadequado.

A pesquisa destaca a importância de considerar os períodos de dormência na gestão de pragas e na prevenção de invasões generalizadas futuras.

A maioria dos modelos de avaliação de risco atualmente não considera essa fase latente, o que pode levar a que se subestime a ameaça potencial destas espécies, salientam os autores do estudo.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.