O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou na terça-feira que “não quer e não tem direito de intervir” na política de preços dos combustíveis da Petrobras, segundo o porta-voz da Presidência brasileira, Otávio Rêgo Barros.
“A frase que o nosso Presidente disse logo no início da reunião: eu não quero e não tenho direito de intervir na Petrobras. Eu não quero e não posso intervir na Petrobras. Eu não quero por questões de conceito. Eu não posso por questões legais e até mesmo políticas”, relatou Otávio Rego Barros, numa conferência de imprensa no Palácio do Planalto.
Bolsonaro reuniu-se na terça-feira com os ministros da Economia, Paulo Guedes, de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. Segundo o ministro Bento Albuquerque, a reunião serviu prestar esclarecimentos ao chefe de Estado brasileiro sobre a política de preços da petrolífera estatal.
Por seu lado, Paulo Guedes adiantou que é a “Petrobras que decide reajustes, não é o ministro da Economia ou o Presidente da República”, acrescentando que a estatal “é realmente independente para estabelecer o preço do petróleo”.
As ações da petrolífera estatal brasileira tiveram na sexta-feira uma forte queda na bolsa de valores de São Paulo, depois de o Presidente do país, Jair Bolsonaro, ter vetado o aumento dos preços do gasóleo nas refinarias.
Duas horas após o encerramento da sessão, as ações ordinárias da Petrobras, que dão direito de voto aos acionistas, caíram 7,54%, enquanto que as ações preferenciais, aquelas com maior valor e maior peso no mercado, caíram 6,71%, o que levou a bolsa à sua quarta queda consecutiva.
Na quinta-feira, a Petrobras anunciou um aumento de 5,74% do preço do gasóleo nas refinarias para sexta-feira, mas horas depois a empresa reverteu a decisão e anunciou que desistia desse aumento face à pressão feita por Bolsonaro.
O chefe de Estado brasileiro admitiu ter conversado com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, com o intuito de se reverter a decisão de aumentar os preços.
“Liguei para o presidente, sim. Surpreendi-me com o reajuste de 5,7%. Não vou ser intervencionista e fazer práticas que fizeram no passado, mas quero ver os números da Petrobras, tanto que na terça-feira convoquei todos da Petrobras para me esclarecerem os 5,7% de reajuste, quando a inflação deste ano está projetada para menos de 5%”, declarou Jair Bolsonaro, na inauguração de um aeroporto em Amapá.
// Lusa