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Benfica 3-3 Rangers | Empate da “águia” com sabor a vitória

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José Sena Goulão / Lusa

O jogador do Benfica, Darwin Nunez, celebra o golo marcado aos Glasgow Rangers

Num duelo de loucos, Benfica e Rangers empataram a três golos. Os dois conjuntos somam os mesmos sete pontos neste Grupo D da Liga Europa – no outro duelo desta terceira jornada, o Lech bateu o pé ao Standard Liège (3-1).

As “águias” viveram uma espécie de montanha-russa, estiveram em vantagem, ficaram reduzidas a dez elementos com a expulsão de Otamendi, os forasteiros deram a volta, mas em desvantagem (1-3), reagiram e ainda conseguiram garantir um precioso ponto que teve sabor a ouro. Goldson (autogolo), Rafa e Darwin fizeram os tentos dos vice-campeões nacionais. Diogo Gonçalves (autogolo), Kamara e Morelos assinaram os golos escoceses.

O jogo explicado em números

  • Jorge Jesus prometeu refrescar as asas das “águias” e cumpriu. Em relação ao tropeção no Bessa, o treinador deixou Gilberto, Gabriel, Luca Waldschmidt e Darwin Núñez no banco e apostou em Diogo Gonçalves, Weigl, Rafa e Seferovic. A dupla de defesas-centrais, Otamendi e Vertonghen, continuou a merecer a confiança do treinador. Grimaldo, que se lesionou ante o Belenenses SAD, recuperou e ficou no banco.
  • Melhor entrada do que aquela que o Benfica teve seria impossível pedir. Logo no primeiro lance do encontro, Rafa “furou” a defensiva contrária, centrou, Goldson enganou-se no corte e marcou na própria baliza, inaugurando o marcador logo aos dois minutos. 
  • Aos 10, num lance supersónico que começou após um canto a favorecer os escoceses, Nuno Tavares acelerou, passou a bola a Everton que assistiu Pizzi. O remate do médio saiu um pouco ao lado do alvo. Aos 17 minutos, Rafa e Diogo Gonçalves entenderam-se, mas depois do cruzamento do lateral-direito, Seferovic e Everton… desentenderam-se e falharam boa “chance” de ampliarem o marcador.
  • Segundos volvidos, o brasileiro e o suíço voltaram a não conseguir concluir um lance da melhor maneira. Na fase de maior ascendente “encarnado”, um duro revés à passagem do minuto 19. Otamendi travou Kent, quando esteve se estava a isolar perante Vlachodimos. O argentino foi expulso e deixou os lisboetas reduzidos a dez elementos. Pizzi acabou por ser o sacrificado, entrando Jardel.
  • O que estava mal com a expulsão de Otamendi pior ficou aos 24 minutos. Tavernier entrou na área, centrou de forma tensa e Diogo Gonçalves, na tentativa de cortar o esférico, acabou por assinar um autogolo.
  • Num curto espaço de tempo, o Rangers deu a volta ao marcador. Kamara atirou colocado, bateu Vlachodimos e assinou o 1-2 para os visitantes, que aproveitavam a passividade benfiquista nos três corredores para ganharem vantagem.
  • Com demasiado espaço entre os centrais, Aribo saltou sem oposição, cabeceou e a bola saiu a poucos centímetros da baliza. Nesta fase, a equipa de Steven Gerrard já tinha mais remates dos que as “águias” – três contra dois – e geria a posse do esférico (52% versus 48%).
  • No espaço de seis minutos, tudo mudou. Em vantagem desde os instantes iniciais, as “águias” exibiam-se a um nível razoável, conseguiam reagir de forma organizada na pressão sempre que perdiam a bola, condicionavam as saídas de ataque contrárias e iam criando perigo, principalmente através do corredor direito, onde surgiram 47% das acções ofensivas, com Diogo Gonçalves e Rafa. Porém, o “castelo” começou a ruir à passagem do minuto 19. O Rangers explorou o espaço nas costas e o controlo da profundidade, uma espécie de isco que diversos adversários têm aproveitando para ferir os “encarnados” desde a época passada, Kent, numa diagonal da esquerda para o centro, acelerou e foi travado por Otamendi, que foi expulso. Depois, Diogo Gonçalves empatou com um golo na própria baliza e Kamara carimbou a “remontada”. Até ao descanso, o Rangers dominou por completo e esteve próximo de aumentar a vantagem. Com um GoalPoint Rating de 6.9, Kamara foi o melhor jogador em cena nos primeiros 46 minutos. Além de um golo, o médio teve uma eficácia de 90% no capítulo do passe – quatro falhados em 39 feitos -, 45 acções com a bola, três recuperações da posse e dois desarmes. Do lado dos comandados de Jorge Jesus, Adel Taarabt foi o que mais de destacou com um rating de 5.4.
  • Trocas de laterais ao intervalo, Diogo Gonçalves e Nuno Tavares foram substituídos por Gilberto e Grimaldo, numa tentativa de JJ de refrescar os corredores. Mas bastou acelerar para que o Rangers voltasse a marcar. Tavernier voltou a arrancar, deixou tudo e todos para trás, cruzou para a zona do segundo poste onde estava Morelos que só teve de encostar numa altura em que o relógio marcava os 51 minutos. 
  • Num raide supersónico, Rafa tirou várias adversários da frente, mas no momento da decisão, nem rematou, nem assistiu, desperdiçando a melhor oportunidade das “águias” desde a expulsão de Otamendi. Na área contrária, Gilberto travou mais uma investida venenosa dos escoceses (59′). Kent atirou a bola ao poste aos 62 e, aos 67, rematou um pouco ao lado. Cada ataque do Rangers era um sufoco para a defensiva do Benfica, que tremia por todos os lados.
  • Contra a corrente de jogo, aos 77 minutos, houve golo dos portugueses. Darwin Núñez e Luca Waldschmidt não desistiram, o uruguaio aguentou a pressão dos defesas visitantes, centrou e ofereceu em bandeja de ouro o 2-3 a Rafa. Foi apenas o segundo remate da equipa na etapa complementar e o quinto em todo o encontro.
  • Já em período de descontos, o Benfica fez aquilo que parecia impossível e conseguiu chegar ao empate. Waldschmidt accionou Darwin Núnez, que fugiu à marcação dos dois centrais e finalizou com êxito decretando o resultado final.
  • Um ponto que soube a ouro às “águias”, que conseguiram empatar quando o jogo parecia fugir-lhe das mãos e continuam sem perder no Estádio da Luz em duelos da Liga Europa, são já 24 jogos consecutivos. Do outro lado, o Rangers prossegue invencível esta temporada, somando 16 triunfos e três empates.
  • Não obstante a recuperação final, Jorge Jesus terá um longo trabalho pela frente, já que a equipa voltou a apresentar inúmeras deficiências, mormente no processo defensivo. As apenas três faltas que o conjunto da Luz fez são o espelho da pouca agressividade que foi imprimida em muitas das fases da partida.

O melhor em campo GoalPoint

Bastaram 31 minutos para que Darwin Núnez fosse determinante, deixando escancaradas as diferenças entre ele e Seferovic. O jovem avançado ofereceu uma assistência que Rafa não desperdiçou e foi letal no único remate que realizou, decretando o 3-3 final. Além disso, contabilizou quatro acções dentro da área do Rangers e não falhou nenhum dos dois dribles que fez. Em termos defensivos, registou duas acções. Sozinho deu cabo dos nervos aos defensores contrários. O MVP teve um GoalPoint Rating de 7.6.

Jogadores em foco

  • Morelos 7.3 – O perigo número 1 dos escoceses não deixou os seus créditos por pés alheios e dizimou a defesa do Benfica. Sempre ligado à corrente, imprimiu velocidade e foi incisivo em grande parte das suas acções. Ao todo, fez quatro remates, um golo, uma assistência, dois passes para finalização, três valiosos e o máximo de acções com a bola na área contrária: sete.
  • Rafa Silva 6.8 – Atacou, defendeu e fartou-se de remar contra as adversidades, sendo um dos primeiros a acreditar que o resultado poderia ser outro que não a derrota. Esteve ligado ao lance do tento inaugural, encurtou distâncias com o 2-3 e assinou as jogadas de maior nota artística desta tarde/noite. Da estatística do camisola 27, realçámos os três passes valiosos, 56 acções com a bola, cinco acções com a bola dentro da área do Rangers e os seis dribles realizados em outros tantos tentados.
  • Tavernier 6.3 – Uma locomotiva com um pulmão inesgotável. Foi quem fez o cruzamento para o autogolo de Diogo Gonçalves e ofereceu o 1-3 a Morelos. A valorizar as oito recuperações da posse feitas, um máximo no jogo.
  • Weigl 6.1 – Exibição positiva do alemão, que esteve quase perfeito no capítulo do passe (97%, com apenas dois falhados em 62 feitos), acertando cinco dos seis passes longos que fez e gizou oito passes progressivos correctos. A defender, recuperou em sete ocasiões a posse, contabilizou três desarmes e também três alívios.
  • Luca Waldschmidt 5.7 – Saltou do banco para fazer a diferença, ficando na retina a forma primorosa como desmarcou Darwin Núnez no momento que antecedeu o empate final. Durante os 25 minutos em que actuou foi ainda importante a ajudar Gilberto a estancar os ataques contrários.
  • Otamendi 3.3 – Estava a jogar bem – certíssimo no capítulo do passe – 12 acertados em 12 feitos -, mas bastou uma desatenção para manchar tudo o que havia feito. Deixou Kent escapar e só o travou em falta. As lacunas colectivas acabam por não ajudar a dupla de centrais das “águias”, que fica sempre muito exposta.

Resumo

2 Comments

  1. Uma: não me parece que o Otamendi tenha cometido um erro individual, além de o jogador do Rangers parecer estar em fora-de-jogo em mais de dez centímetros, o que não é relevante em jogo sem VAR. Duas: cometer três faltas em 90 e tal minutos, é tão escandaloso como as 31 do Boavista. Três: Darwin tem um potencial brutal, uma explosiva combinação de potência, velocidade e execução técnica. Quatro: JJ tinha e tem razão, o Benfica precisa de outro central. Quinto: este Rangers é uma equipa de Champions, melhor que um terço daquelas que lá andam a fazer número.

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