A tentativa de golpe de Estado na Guiné-Bissau terá ligações ao tráfico de droga no país e, em particular, ao ex-chefe da Marinha, José Americo Bubo Na Tchuto, que é visto como um barão de droga pelos EUA.
A revelação foi feita pelo presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, em conferência de imprensa, onde apontou claramente o dedo ao ex-chefe da Marinha do país, o antigo Contra-Almirante José Americo Bubo Na Tchuto. Embaló referiu que foi ele o cabecilha por trás da tentativa de golpe do passado dia 1 de Fevereiro.
Além deste nome, apontou ainda o dedo ao antigo oficial Tchamy Yala e a Papis Djemé.
“Não estou a dizer que são os políticos que estão por trás disto, mas a mão que carrega as armas são pessoas ligadas aos grandes cartéis de droga“, referiu Embaló.
Os três homens acusados por Embaló foram já alvo de investigações da DEA, a agência de drogas dos EUA. Bubo Na Tchuto é descrito pelo Tesouro Americano como um barão de droga, como reporta o jornal francês Le Monde.
Em 2013, foram os três detidos por agentes da DEA a bordo de um barco, em águas internacionais, na costa da África Ocidental.
Foram apanhados numa operação com agentes infiltrados com quem teriam negociado a venda de drogas num negócio que passaria pela importação de cocaína, para ser redistribuída na América do Norte ou na Europa, ainda segundo o Le Monde.
Bubo Na Tchuto foi condenado, em 2016, a quatro anos de prisão em Nova Iorque. Yala e Djemé também foram condenados na cidade norte-americana, em 2014, a 5 e 6 anos de prisão, respectivamente.
Depois disso, os três homens voltaram à Guiné-Bissau que é visto como um pólo do tráfico de cocacína proveniente da América Latina.
Embaló revelou que, durante os ataques, Bubo Na Tchuto chegou a entrar “no Estado-Maior naval em uniforme militar”.
Um porta-voz do Governo da Guiné-Bissau também referiu, em conferência de imprensa, que a tentativa de golpe foi feita por militares e paramilitares, com o envolvimento dos rebeldes de Casamansa.
Militares procuram “pessoas envolvidas” no ataque
No rescaldo da tentativa de golpe, as estradas de acesso a Bissau e de saída da capital guineense, bem como de entrada nas cidades e povoações do interior do país, estão sob vigilância militar.
Militares guineenses armados montaram postos de controlo onde exigem que todos os ocupantes de veículos desçam e apresentem documentos de identificação. De forma demorada, os veículos são inspeccionados, sobretudo, as bagageiras.
Um agente do Comando Norte da Guarda Nacional, no posto de controlo de São Vicente, disse à Lusa que a mesma operação ocorre em todas as vias de acesso do país, após homens armados terem atacado o Palácio do Governo, onde se encontrava o Presidente da República e membros do Governo.
A mesma fonte precisou que têm ordens para revistar os veículos, analisar os documentos à “procura de pessoas envolvidas na tentativa de golpe de Estado”.
As forças armadas suspeitam que alguns dos militares e polícias envolvidos nos ataques poderão estar a tentar fugir em direcção às florestas de Casamansa, no Senegal, precisou a mesma fonte.
Os militares recomendam que os motoristas circulem com “velocidade moderada” e que parem sempre que encontrarem postos de controlo que são sinalizados com uma corda a atravessar a estrada nas duas bermas.
O Estado-Maior General das Forças Armadas guineense iniciou, entretanto, uma operação para recolha de mais indícios sobre o ataque, que foi condenado pela comunidade internacional.
A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.
Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afectaram o desenvolvimento do país.
ZAP // Lusa
Pobre Guiné, nas mãos de quem caíste, não dão um passo certo! Afinal as lições de Moscovo nada deram certo!