A ferramenta de Inteligência Artificial fará uma triagem inicial para detetar criadores de conteúdos que não são transparents sobre conflitos de interesses nos produtos financeiros que promovem.
O Banco de Portugal (BdP) está a desenvolver uma ferramenta de inteligência artificial (IA) para identificar influenciadores financeiros, conhecidos como “finfluencers”, que promovam produtos financeiros à margem das regras.
A nova plataforma, que deverá começar a ser utilizada em 2025, tem como objetivo reforçar a supervisão num ambiente digital onde se multiplicam os riscos de conflitos de interesses e divulgação de informações incorretas, segundo avança o JN.
A administradora do BdP, Francisca Guedes de Oliveira, explicou que a ferramenta de IA irá monitorizar as redes sociais, como TikTok, Instagram, LinkedIn e Facebook, para identificar potenciais violações. “Vai fazer uma primeira triagem e pôr aqui umas campainhas a tocar cada vez que alguma coisa sair fora dos nossos critérios”, afirmou, durante o podcast oficial do BdP.
Embora a IA ofereça uma triagem inicial, a decisão final sobre eventuais sanções será sempre humana. Se os influenciadores estiverem a ser pagos por instituições supervisionadas e promoverem produtos financeiros sem exporem os conflitos de interesse, o BdP poderá aplicar multas. Se os próprios influenciadores comercializarem produtos financeiros sem autorização, a sanção pode ser mais severa, incluindo a cessação da atividade.
Além do BdP, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) também já manifestou preocupação. Embora a CMVM não tenha competência para supervisionar a qualidade da informação partilhada quando os conteúdos são apenas de literacia financeira, tem reforçado os alertas sobre os riscos associados aos “finfluencers” que promovem investimentos sem transparência sobre os seus ganhos.
A Deco Proteste, organização de defesa do consumidor, também sublinha a importância de regular os influenciadores financeiros e de introduzir a literacia financeira obrigatória nas escolas.
De acordo com dados recentes, a faixa etária entre os 16 e os 24 anos destaca-se por utilizar as redes sociais como principal fonte de informação financeira, reforçando a importância de se assegurar que os conteúdos divulgados sejam fiáveis e transparentes.
Atualmente, os “finfluencers” que apenas partilham conteúdos educativos sobre finanças não estão sujeitos à supervisão do BdP ou da CMVM. No entanto, a consultoria financeira, que envolve recomendações específicas de investimentos, continua a exigir autorização formal da CMVM.