Balenciaga choca ao “sexualizar crianças” em campanha de Natal

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Balenciaga

Uma das fotografias da polémica campanha da Balenciaga.

A Balenciaga gerou polémica após uma campanha em que mostra crianças e acessórios BDSM. A marca pediu desculpa, mas o caso promete não ficar por aqui.

Por estes dias, a equipa de relações públicas da Balenciaga vive um verdadeiro pesadelo. A marca de moda chocou o mundo com a sua mais recente campanha de Natal, em que são vistas crianças a posar com peluches vestidos com acessórios BDSM (Bondage, Disciplina, Sadismo, Masoquismo).

Os peluches estão adornados com objetos como correntes de couro e coleiras, típicas desta prática sexual que se popularizou com os filmes “50 Sombras de Grey”.

Numa das imagens divulgadas são ainda vistos documentos do Supremo Tribunal relacionados com pornografia infantil. Os papéis são subtilmente colocados junto a uma carteira e passam despercebidos aos olhos mais desatentos.

Não tardou a que, através das redes sociais, vários internautas criticassem duramente a campanha da marca espanhola.

Outra fotografia da campanha mostra uma criança deitada num sofá, rodeada por copos de vinho vazios. Um utilizador do Twitter denuncia ainda outra imagem que inclui fita cola com as letras BAAL: um deus pagão que exigia o sacrifício de crianças.

Entretanto, a Balenciaga veio pedir desculpa pela campanha, tendo até eliminado todas as publicações da sua conta de Instagram.

“Pedimos sinceras desculpas por qualquer ofensa que a nossa campanha de fim de ano possa ter causado”, lê-se no comunicado divulgado através das ‘histórias’ da rede social. “As nossas malas de peluche não deveriam ter sido apresentadas com crianças. Removemos imediatamente a campanha de todas as plataformas”.

Mensagens escondidas

A Balenciaga não se ficou por aqui e reiterou o pedido de desculpas horas mais tarde, desta vez com foco nos documentos do Supremo Tribunal.

“Pedimos desculpa por ter apresentado documentos inquietantes na nossa campanha. Levamos este assunto muito a sério e estamos a tomar medidas legais contra as partes responsáveis pela criação do cenário e por terem incluído objetos não aprovados na nossa sessão fotográfica da campanha primavera 2023″, defendeu a marca.

“Condenamos veementemente o abuso de crianças sob qualquer forma. Defendemos a sua segurança e bem-estar”, lê-se ainda no segundo comunicado.

Em concreto, os documentos referem-se ao caso Ashcroft v Free Speech Coalition, uma decisão controversa que deitou por terra uma parte da Lei de Proteção à Pornografia Infantil depois de considerar que a pornografia infantil online é liberdade de expressão.

O fotógrafo da campanha, Gabriele Galimberti, explicou que as fotografias fazem parte de um projeto chamado Toy Stories (Histórias de Brinquedos), que retrata aquilo que as pessoas colecionam e recebem no Natal.

“Não estou em posição de comentar as escolhas da Balenciaga, mas devo salientar que não tive o direito, de forma alguma, de escolher os produtos, nem os modelos, nem a combinação dos mesmos. Como costuma acontecer nas sessões fotográficas comerciais, a direção da campanha e a escolha dos objetos expostos não estão nas mãos do fotógrafo”, justificou o fotógrafo da National Geographic.

“Suspeito que qualquer pessoa propensa à pedofilia que procure na web tenha infelizmente um acesso demasiado fácil a imagens completamente diferentes das minhas, absolutamente explícitas no seu conteúdo horrível. Além disso, não tenho qualquer ligação com a fotografia onde aparece um documento do Supremo Tribunal. Esse documento foi tirado noutro set por outras pessoas e foi falsamente associado às minhas fotografias”, acrescentou.

“Glamourizar” a violência doméstica

Recentemente, a Balenciaga foi acusada de “glamourizar” a violência doméstica, depois de pintar olhos negros e sangue no nariz de uma modelo.

“Mais fotos da nova campanha publicitária da Balenciaga. Uma modelo com maquilhagem para parecer que tem olhos negros. Agora não só a Balenciaga está a ‘glamourizar’ o abuso infantil, também está a ‘glamourizar’ a violência contra as mulheres!”, lê-se numa publicação no Twitter.

Num artigo no site UnHerd, Kristina Murkett acusa a Baleniaga de “sexualizar crianças” na sua recente campanha. “Às vezes, a coisa mais difícil de discernir o que é real ou falso na internet é que a verdade pode ser demasiado absurda e inacreditável”, escreve a jornalista.

Daniel Costa, ZAP //

9 Comments

  1. Já uma criança a assitir a um desfile LGBT onde, frequentemente, são vistos indivíduos “vestidos” apenas com este tipo de acessórios, já não choca ninguém…
    Se a hipocrisia matasse grande parte dos activistas da net, e não só, duraria muito pouco!

  2. A gente anda a avisar faz tempo, mas o comum dos mortais não quer saber. Lamentavelmente para algumas crianças já será tarde de mais.

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