Há bactérias que se aproveitam do trabalho de outras colónias e consomem os seus recursos sem contribuírem — mas os grupos têm mecanismos de defesa contra as suas adversárias.
Parece que nem a avareza nem a preguiça não são só pecados mortais para os humanos. Há colónias de bactérias que preferem passar fome e cometer “suicídio evolutivo” a ter de lidar com outras espécies “batoteiras” que se usam os recursos da colónia sem para eles contribuir.
A conclusão partiu de um novo estudo publicado na PLOS Computational Biology, que fez um modelo da resposta de uma colónia bacteriana a outras bactérias que se aproveitam para consumir recursos sem para eles trabalhar.
Para aumentarem as suas hipóteses de sobreviver, é comum ver as bactérias a formar colónias e a trabalhar em equipa, produzindo recursos que são usados por outras bactérias. Por exemplo, as bactérias costumam produzir enzimas que transformam a comida em nutrientes, o que beneficia as suas “vizinhas”.
O problema é que por vezes surgem bactérias parasitas que consomem os recursos sem contribuírem para a sua produção. Para determinarem a taxa de produtos bioquímicos de acordo com a densidade da população da colónia, as bactérias usam um sistema chamado deteção de quórum, que regula a expressão dos genes cooperativos na população através de pequenas moléculas chamadas autoindutores.
Quanto mais bactérias tiver a colónia, maior é o número de autoindutores. Se a concentração de autoindutores subir acima dos níveis críticos, isto desencadeia mudanças nas bactérias que, enquanto grupo, ultrapassaram os recursos disponíveis.
Os cientistas desenvolveram um modelo matemático que concluiu que a deteção de quórum tem o efeito de punir as bactérias parasitas ao reduzir a disponibilidade dos recursos partilhados. No entanto, por vezes o tiro sai pela culatra, já que isto pode levar a que a sobrevivência de toda a colónia fique em risco, relata o Science Alert.
Os autores descrevem este comportamento como um “possível exemplo de suicídio evolutivo demograficamente estocástico”. Com mais pesquisas futuras sobre este fenómeno, podemos vir a descobrir mais detalhes sobre como as infeções bacterianas começam e causam doenças.