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Aviões espiões da Guerra Fria revelam tesouro arqueológico

University of Pennsylvania

Imagens desclassificadas de aviões de espionagem U2 dos Estados Unidos, capturadas durante a Guerra Fria no Médio Oriente, revelaram estruturas arqueológicas milenares que foram desvanecendo com o tempo. 

Ao analisar milhares de imagens de alta e baixa resolução capturadas durante missões de aeronaves norte-americanas U2 dos anos 50 e 60 do século XX, Emily Hammer, da Penn State University e Jason Ur, da Universidade de Harvard, descobriram muitas características históricas e sítios arqueológicos.

Entre as descobertas, os cientistas identificaram armadilhas de caça pré-históricas, canais de irrigação com 3.000 anos e aldeias que hoje em dias já não são visíveis.

A investigação, cujos resultados foram no passado mês de março publicados na revista científica especializada Advances in Archaeological Practice, representa o primeiro uso de imagens de aviões de espionagem U2 para fins arqueológicos, bem como uma nova e empolgante janela para a história.

“As fotografias fornecem um olhar fascinante sobre o Médio Oriente há várias décadas, mostrando, por exemplo, a histórica Aleppo muito antes da destruição em massa na guerra civil em curso”, explicou Hammer, professor assistente no departamento de línguas e civilizações do Leste do estado de Penn, citado pela agência Europa Press.

Entre as estruturas reveladas pela análise arqueológica destacam-se os “papagaios do deserto”, estruturas de muros de pedra datadas de há 5.000 a 8.000 anos, utilizadas na época para prender gazelas e outros animais. O deserto seco do leste da Jordânia manteve muitas destas estruturas, mas a expansão agrícola a oeste destruiu muitos mais.

As imagens de satélite levam estas estruturas de volta à vida, revelando uma rede de recintos em forma de diamante, oferecendo a melhor visão, até à data encontrada, destas importantes e antigas ferramentas de casas.

Hammer explica que outra característica identificada nas imagens – o sistema de canais no norte do Iraque – fornece novas informações sobre como um império primitivo manteve o seu poder e governou. “Os assírios construíram o primeiro grande império durável e multicultural do mundo antigo, então muitas pessoas estão interessadas [em saber] como é que o território foi organizado, como foram controladas as pessoas ou como foi administrada a terra”, exemplifica a cientista.

“O sistema de rega alimentou as capitais reais, possibilitou a produção agrícola excedente e forneceu água para as aldeias” circundantes, rematou a cientista.

ZAP //

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