Um bombista suicida matou esta quarta-feira pelo menos 37 ex-rebeldes e membros de grupos armados pró-governamentais na cidade de Gao, no norte do Mali, indicou uma fonte militar. Fontes médicas falam em mais de 60 mortos.
“Um suicida atacou um campo” de agrupamento da Coordenação dos Movimentos de Azawad (CMA, ex-rebelião de dominância tuaregue) e da Plataforma (grupo pró-governamental) em Gao, “o balanço é de 37 mortos”, afirmou a mesma fonte da Missão da ONU no Mali (MINUSMA).
A informação foi confirmada por uma fonte administrativa em Gao, que não deu mais pormenores.
De acordo com o Diário de Notícias, não houve vítimas portuguesas no ataque. “Tudo tranquilo” em relação aos destacamentos militares de Portugal ao serviço da ONU e da UE no Mali, sublinhou fonte oficial.
Fontes médicas contactadas pela agência EFE falam em pelo menos 67 mortos no mesmo atentado, alertando que o número poderá aumentar tendo em conta o grande número de feridos.
O ataque ocorreu às 8h40 (mesma hora em Lisboa), segundo a fonte da MINUSMA, que adiantou que a CMA e a Plataforma “devem começar em breve a realizar uma patrulha mista”.
As patrulhas mistas estavam previstas no acordo de paz assinado em maio/junho de 2015 entre Bamako e diferentes grupos armados.
O norte do Mali foi ocupado em 2012 por grupos fundamentalistas islâmicos, que foram em grande parte afastados depois de ter sido lançada em 2013 uma intervenção militar internacional, que prossegue.
Mas vastas zonas continuam a escapar ao controlo das forças malianas e estrangeiras, regularmente alvo de ataques mortíferos, apesar da assinatura do acordo de paz, que se pensava poder isolar os jihadistas.
Governo do Mali falha em proteger cidadãos dos jihadistas
A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) considera que o Governo do Mali está a falhar em proteger os civis dos extremistas islâmicos nas regiões do norte e centro do país.
Os radicais mataram dezenas de pessoas o ano passado, enquanto pressionavam as famílias para deixarem os seus filhos dedicarem-se à jihad.
Num relatório divulgado esta quarta-feira, no mesmo dia do atentado suicida contra as forças governamentais, a HRW descreve como os militantes ocuparam aldeias, atacaram capacetes azuis da ONU e tentaram impor uma rigorosa interpretação da lei islâmica (sharia), proibindo celebrações incluindo casamentos e batismos.
A organização denuncia ainda um aumento do banditismo, fenómeno que as vítimas dizem dever-se em parte à lenta aplicação do acordo de paz de 2015.
O norte do Mali foi ocupado em 2012 por grupos jihadistas, que foram em grande parte afastados depois de ter sido lançada em 2013 uma intervenção militar internacional, que prossegue.
Vastas zonas continuam a escapar ao controlo das forças malianas e estrangeiras, regularmente alvo de ataques mortíferos, apesar da assinatura do acordo de paz, que se pensava poder isolar os jihadistas.
O ministro da Segurança maliano, Salif Traore, recusou comentar casos concretos do relatório, mas declarou estar bem ciente dos desafios em termos de segurança no Mali e em toda a região do Sahel.
O Conselho de Segurança da ONU deve ser informado hoje sobre a situação no Mali.
// Lusa