Os asteróides estão constantemente a “cuspir” pedrinhas

CC0 Public Domain

As colisões constantes com outros objetos e as variações de temperatura causadas pela exposição ao Sol fazem com que os asteróides “cuspam” detritos.

Pensa-se geralmente que os asteróides são bolas sólidas de rocha e metal — um lugar onde Bruce Willis pode aterrar e pousar uma bomba nuclear. Mas quando aprendemos mais sobre eles, torna-se evidente que muitos asteróides são apenas um monte de detritos que são juntados pela gravidade. Por isso pode não ser uma grande surpresa de alguns destes detritos fujam do asteróide em si.

O que surpreendeu os cientistas foi observar este fenómeno no asteróide Bennu quando o OSIRIS-REx o visitou em 2019. Agora, uma equipa de investigadores encontrou um meteorito com sinais de ter passado pelo mesmo processo.

O meteorito, conhecido como Aguas Zarcas, em honra à vila na Costa Rica onde foi encontrado, ia ser originalmente estudado para um projeto separado. Mas quando Phillip Heck e o seu aluno Xin Yang tentaram, tiveram alguns problemas. Usaram uma técnica comum de congelar o sistema com nitrogénio líquido e aquecê-lo rapidamente com água quente, o que geralmente desfaz o meteorito em pedaços pequenos o suficiente para serem estudados.

Mas algumas parte do Aguas Zarcas não se desfizeram. Isso acontece ocasionalmente e tipicamente os cientistas moem os nódulos mais duros com um almofariz. Mas algo nestes nódulos parecia estranho para Heck e Yang, por isso decidiram fazer aquilo que qualquer cientista faria: uma ressonância magnética.

Foi assim que descobriram que estes nódulos não eram só estranhos por não se desfazerem — não eram inteiramente esféricos e não estavam orientados numa direção específica. Era como se algo os tivesse forçado nessa orientação.

Com isso em mente, os investigadores sabiam da experiência do OSIRIS-REx com o Bennu e como tinham sido observadas pedrinhas a fugir do asteróide. Até agora, ninguém tinha conseguido explicar exatamente por que é que isso acontece.

Assim começaram a fazer modelos. Descobriram que, tal como como muitos outros aspetos da vida de um asteróide, as ejeções das pedrinhas são muito provavelmente causadas por um choque — tanto no caso do Bennu como do Aguas Zarcas, o mais provável é ter tido um impacto pequeno.

A colisão deformou a parte do asteróide em que chocou e as pedras quebradiças foram colocadas sob ainda mais pressão pela rotação do asteróide. Quando giram, parte da superfície dos asteróides alternadamente está virada para ou contra o Sol. Isto cria grandes variações de temperatura, o que pode partir as pedras afetadas pelo choque em pequenos pedaços.

O mais provável é que estas pedrinhas tenham sido o que o OSIRIS-REx viu a ser “cuspido” pelo Bennu. Muitas destas pedrinhas seriam puxadas novamente para o asteróide devido à gravidade.

Muitas das pedrinhas vistas do meteorito Aguas Zarcas parecem ter voltado à sua superfície, sendo depois novamente impactadas por outro choque, o que levou a que se fundissem com o objeto que se tornou o meteorito. Há uma boa probabilidade de ter sido esta mesma colisão a formá-lo.

Tudo isto tem muitas implicações para a geologia e para o processo de formação de asteróides. Por enquanto, estas teorias ainda estão longe de estar comprovadas.

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