Julian Assange saiu da prisão

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New Media Days / Flickr

Julian Assange, fundador da WikiLeaks

Foram 5 anos de detenção, mais 7 anos de reclusão numa embaixada. Fundador do Wikileaks vai declarar-se culpado de conspiração.

Julian Assange, 52 anos, aceitou declarar-se culpado de conspiração para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais, num acordo com a justiça dos EUA, e saiu da prisão.

Assange “deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho”, foi libertado no aeroporto de Stansted, em Londres, “onde embarcou num avião e partiu do Reino Unido”, tendo a Austrália como destino final, disse o Wikileaks.

A libertação resulta de “uma campanha global” que “criou espaço para um longo período de negociações com o Departamento de Justiça dos EUA, conduzindo a um acordo que ainda não foi formalmente finalizado”, acrescentou o portal, na rede social X (antigo Twitter).

O avião que alegadamente transporta Assange parou, entretanto, em Banguecoque, na Tailândia, desconhecendo-se se apenas para abastecimento ou se para que o fundador do WikiLeaks mude de aeronave.

Assange deverá comparecer na quarta-feira perante um tribunal federal das Ilhas Marianas, um território norte-americano no Oceano Pacífico, de acordo com documentos judiciais apresentados na segunda-feira à noite.

O fundador do Wikileaks vai declarar-se culpado do crime de conspiração para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais da defesa nacional dos Estados Unidos, confissão que terá de ser aprovada por um juiz. Julian Assange poderá então regressar à Austrália.

O povo australiano quer que o fundador do portal WikiLeaks regresse à Austrália, disse o primeiro-ministro deste país, como comentário à libertação de Julian Assange.

“Não há nada a ganhar com a sua prisão e queremo-lo de volta à Austrália”, disse Anthony Albanese.

Ainda antes do anúncio da libertação, um porta-voz do Governo australiano defendeu que o caso do fundador do Wikileaks “arrastou-se por muito tempo e não há nada a ganhar com o prolongamento da detenção”.

Assange estava detido em Belmarsh, no leste da capital britânica desde 2019, altura em que foi detido, após sete anos de reclusão na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para evitar ser extraditado para a Suécia, onde era acusado de violação.

Desde então que os EUA tentavam a extradição de Assange, acusado de 18 crimes de espionagem e de intrusão informática pela divulgação no portal WikiLeaks de documentos confidenciais, que em 2010 e 2011 expuseram violações de direitos humanos cometidas pelo exército norte-americano no Iraque e no Afeganistão.

Washington queria julgar Assange pela divulgação de mais de 700 mil documentos secretos e estava acusado pelas autoridades norte-americanas ao abrigo da Lei de Espionagem de 1917, enfrentando uma possível pena de até 175 anos de prisão.

Em 20 de maio, o Tribunal Superior de Londres tinha autorizado Assange a recorrer da ordem de extradição do Reino Unido para os Estados Unidos da América.

ZAP // Lusa

4 Comments

  1. Em primeiro lugar era preciso saber se era mesmo verdade… é só especulação… porque ao que sei os EUA nunca validaram os documentos nem o contexto em que foram apresentados (que pode só por si mudar toda a verdade ou a mentira dos factos)..
    Em segundo lugar, e o mais importante, não se trata de verdade, trata-se de legalidade.
    Bem ou mal, os documentos confidenciais não podem ser divulgados.
    A colocação de um pais ou os seus cidadãos ou apenas alguns deles em perigo pela divulgação completamente inconsciente de informação tem que ser punida. Na minha opinião tem que ser severamente punida.
    Muito mais quando o objectivo dessa divulgação não é protecção de nada nem ninguém, mas apenas da monetização de uma plataforma “sem fins lucrativos” como era a Wikileaks.
    Se os EUA ou os outros intervenientes neste caso fossem sequer parecidos com a Rússia, este Sr já só tinha ossos há muito tempo.

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  2. Caro António, totalmente de acordo com o seu comentário.
    Depois daquilo que o Assange meteu cá para fora, legal ou ilegalmente, os EUA não poderiam fazer nenhuma investigação de modo a provar a veracidade daquilo que ele “expôs”? Claramente que o Assange estaria riscado para provar o que quer que fosse, independentemente do que ele disse ser verdade ou não.
    É como o caso do Apito Dourado. As escutas não podiam ser usadas como provas em julgamento, mas serviram como base para a investigação. Sabes que há lá qualquer coisa, tens é de o provar de outra forma.
    E com o Assange, tentaram abafar tudo.

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