As ruas de Angola nunca mais serão as mesmas

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Proibição da venda ambulante de um grande leque de produtos pode ditar o fim das “zungueiras”. Maioria dos cidadãos em Angola ainda sobrevive do mercado informal.

Angola proibiu a venda ambulante de animais vivos, carnes verdes, fumadas e miudezas comestíveis, medicamentos, inseticidas, raticidas, plantas e ervas medicinais, móveis, máquinas e utensílios elétricos, bebidas alcoólicas, combustíveis e materiais de construção.

A medida surge expressa no Regulamento da Lei sobre a Organização, Exercício e Funcionamento das Atividades de Comércio Ambulante, Feirante e de Bancada de Mercado, aprovada em decreto assinado pelo Presidente angolano, João Lourenço.

Móveis, artigos mobiliários, colchoaria, antiguidades, aparelhagem radielétrica, utensílios elétricos ou a gás, candeeiros, instrumentos musicais, discos e afins, veículos automóveis, aparelhos de medição e verificação, material de fotografia, artigos de ótica, vestuário, calçados, bijuterias, armas e munições, moedas e notas de banco estão igualmente proibidos à venda ambulante.

O diploma legal, datado de 17 de maio, já publicado em Diário da República e que a Lusa teve acesso, visa estabelecer os aspetos técnicos e disciplinares das referidas modalidades de venda enquanto atividades de comércio a retalho, de modo a dotar as autoridades do comércio de instrumentos legais.

O regulamento estabelece igualmente os procedimentos para a emissão e renovação integrada física e digital do cartão de vendedor ambulante, feirante e de bancada de mercado, bem como o registo na Plataforma Eletrónica de Licenciamento Comercial, em integração no Portal do Munícipe.

A venda em feiras de artesanato, frutas e produtos hortícolas de fabrico ou produção próprios, fica sujeita às disposições do regulamento, que atribui às administrações municipais a autorizar o exercício da venda ambulante, mediante emissão e renovação do cartão de vendedor.

Administrações municipais deverão também autorizar a realização de feiras, de acordo com as necessidades e interesses da população local, fixar a periodicidade das feiras e licenciar a atividade mercantil local.

Tabuleiros, bancadas, pavilhões, reboques ou quaisquer outros meios utilizados na venda devem conter afixada, em local bem visível ao público, a indicação do nome, morada e número do cartão do respetivo vendedor.

A maioria dos cidadãos em Angola sobrevive do mercado informal e a venda ambulante em ruas, estradas, avenidas, praças e outros locais é prática comum de muitos cidadãos, maioritariamente mulheres, conhecidas como “zungueiras”.

As autoridades têm desenvolvido ações para desenvolver o Programa de Reconversão da Economia Informal, mas, desde o ovo à bicicleta, vários produtos continuam a ser vendidos na rua.

Em Angola, quase 80% dos trabalhadores têm um emprego informal, percentagem que escala para 88% entre os cidadãos do sexo feminino, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) do país.

ZAP // Lusa

4 Comments

  1. Eles que se preocupem com o saneamento e com o fornecimento de água á população. Esta medida é muito intromissa.

    Como para criticar devemos apresentar a solução. Tenho conhecimento de um empresário que opera na área das canalizações indústrias ( em Angola claro ). É só entrar em contacto:

  2. A maior parte das famílias em Angola são monoparentais com a mãe chefe da família. É na zunga, na venda ambulante que estas mulheres encontram o sustento para os seus numerosos filhos. Estas proibições vão penalizar sobretudo as mulheres e os seus filhos.

  3. A economia informal é a sustentação do pais, muito mais do que o instrumento de sobrevivencia das bases sociais de Angola. A governação angolana do estado é tão ignorante e de tal arrogância, que sem soluções para a situação económica e intelectual do pais, reverte o orden de prioridades nas estrategias. O comercio informal e a economia de sustentação só podem ser armonizados depois de vertebrar um pais comido e secuestrado pelo seu governo, pelo poder e pelas oligarquias e afins do mais alargado espectro, onde fica incluida parte de uma população refém deste modelo. Ignorancia e esquizofrenia política. O MPLA a cabeza deste e de tantos disparates. Logo sempre haverá apedrejadores que digam que o povo tem o que merece. Nada mais longe do que necesita este povo secuestrado.

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