Uma nova aplicação móvel consegue detetar, com precisão, se o leite está estragado sem sequer ser necessário abrir a embalagem. Segundo os investigadores, esta tecnologia pode ajudar a evitar várias doenças.
Cientistas da University of New South Wales (UNSW), na Austrália, desenvolveram uma aplicação para smartphones, chamada VibMilk, que deteta a deterioração do leite usando a função de vibração integrada no dispositivo.
“É possível sentir o cheiro ou o gosto se o leite estiver estragado, mas isso requer abrir a embalagem. Fazê-lo expõe-o a bactérias e acelera a deterioração. O VibMilk não é invasivo, o que significa que pode testar a qualidade do leite sem abrir a embalagem, explicou Wen Hu, do Departamento de Ciências da Computação e Engenharia, citado pelo New Atlas,
A combinação de água, gorduras, proteínas e vitaminas do leite é o meio perfeito para o crescimento de uma variedade de bactérias, algumas das quais prejudiciais para os seres humanos.
Apesar de os tratamentos de pasteurização e temperatura ultra-alta (UHT) serem projetados para evitar esse crescimento, nem sempre são bem-sucedidos, causando doenças, desperdício e perdas financeiras associadas.
Aliás, um estudo de 2022 permitiu apurar que as famílias norte-americanas deitam fora 19% dos laticínios que compram. Muitos consumidores confiam nas datas de “validade” das embalagens para determinar se o produto é seguro para consumo, mas os cientistas alerta que são apenas estimativas aproximadas e podem ser imprecisas.
“A data de validade representa uma indicação e não uma expiração definitiva”, sublinhou Hu. “Quando os fabricantes definem as datas, fazem suposições sobre fatores como temperatura e duração do armazenamento com base nos piores cenários. Se o leite for mantido nas condições corretas, será seguro para consumo alguns dias após a data indicada no rótulo, mas se não for, pode nem estar bom antes dessa data.”
À medida que o leite se estraga, muda de um colóide – uma substância uniformemente dispersa noutra – para os seus componentes separados de coalhada, soro e água.
Esta degradação muda as propriedades físicas do líquido, produzindo diferentes sinais de vibração. Com essas mudanças, surge também uma mudança no pH, de 6,6 (fresco) para 4,4 (completamente estragado).
O VibMilk usa os sinais de vibração produzidos pelo motor de um smartphone e recolhidos pela sua unidade de medição inercial (IMU) para detetar o grau de vibração produzido. Aplicando algoritmos de machine learning aos dados, app atribui um dos 23 níveis de pH.
Durante as experiências realizadas pela equipa, o VibMilk previu o pH do leite com uma precisão média de 98,35%.
O artigo científico foi publicado no IEEE: Internet of Things Journal.