Estará para breve o fim da agulha? A nova aplicação é apresentada na revista Nature e usa a imagem das unhas para fazer uma estimativa dos níveis de hemoglobina no sangue.
A anemia é o distúrbio de sangue mais comum do mundo: estima-se que entre 25 a 33% da população mundial sofra deste problema, que consiste no baixo nível de hemoglobina, uma proteína que contém ferro presente nos glóbulos vermelhos. Para diagnosticar esta doença é preciso fazer um hemograma, que envolve uma operação laboratorial e, por consequência, custos operacionais e de material.
Recentemente, uma equipa de investigadores desenvolveu um algoritmo que calcula a concentração de hemoglobina no sangue através da análise de uma fotografia das unhas das mãos.
Ainda que experimental, este “teste” demora menos de um minuto e pode levar à substituição dos exames laboratoriais baseados em amostras de sangue que atualmente são necessários para diagnosticar a anemia. O artigo científico foi recentemente publicado na revista Nature.
“As abordagens clínicas existentes para medir os níveis de hemoglobina requerem equipamento especializado e representam compromissos entre meios invasivos, precisão, exigências de infra-estruturas e custo, todos eles problemáticos em ambientes rurais e com poucos recursos, onde a anemia é mais prevalente”, lê-se no resumo do artigo.
Wilbur Lam, investigador na área da engenharia biomédica e no campo das doenças relacionadas com o sangue na Faculdade de Medicina da Universidade de Emory, em Atlanta (EUA), coordenou o projecto que resultou numa aplicação de smartphone.
A partir de uma simples imagem da unha de cerca de uma centena de doentes com anemia, o investigador desenvolveu uma forma de reconhecer este problema. Através da aplicação, o utilizador só precisa de captar uma fotografia das unhas das mãos e a leitura é feita em poucos segundos.
Com base na imagem, o algoritmo desenvolvido é capaz de identificar o padrão saudável de coloração dos que representam deficiência nos glóbulos vermelhos. Além disso, a aplicação usa metadados para corrigir o brilho de fundo e as variáveis da câmara de cada fabricante e modelo de telemóvel, para não influenciar os dados.
Segundo o Público, o método demonstrou uma grande sensibilidade – cerca de 95% – e elevada precisão no diagnóstico.
Este é, para os cientistas, um “novo paradigma de diagnósticos totalmente não invasivos” que pode ajudar os doentes com anemia crónica a monitorizar os níveis de hemoglobina de forma instantânea, através da calibração personalizada.
Além disso, o sistema “permite que qualquer pessoa com um smartphone faça o download de uma aplicação e detete imediatamente a anemia em qualquer lugar e a qualquer momento”.