“É uma anomalia que Portugal e Espanha não sejam um mesmo Estado”

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Edward the Confessor / wikimedia

O escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte.

O escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte assume-se “profundamente iberista” e considera que “é uma anomalia que Portugal e Espanha não sejam um mesmo Estado”. Diz também que uma “Federação Espanha-Portugal seria uma potência indiscutível”.

Posições assumidas pelo escritor em entrevista ao Diário de Notícias (DN) no âmbito do lançamento do seu livro “Uma História de Espanha” em Portugal.

“É uma anomalia que Portugal e Espanha não sejam um mesmo Estado ou que não formem um mesmo território político”, atira Pérez-Reverte, frisando que, nos que dias que correm, “essa separação é uma sorte para os portugueses porque estão distantes do desastre político, económico e social em que Espanha se converteu”.

“A fronteira entre Portugal e Espanha é uma fronteira artificial que somente a história traçou”, acrescenta o escritor, notando que se “durante os anos em que foi rei de Portugal”, Felipe II “tivesse mudado a capital do mundo ibérico para Lisboa, teríamos feito todos, portugueses e espanhóis, uma Ibéria atlântica e não uma Espanha estupidamente sangrada na Europa, e seria sido muito diferente a nossa história e a do mundo”.

“Se houvesse uma federação Espanha-Portugal, esta contaria com a influência de Portugal no Brasil e em África e de Espanha na América, o que se fôssemos dirigidos por governantes inteligente e com sentido de história, de dignidade e de futuro, nos tornaria uma potência indiscutível“, acredita também Pérez-Reverte.

O escritor espanhol confessa-se “profundamente iberista” à imagem do “grande amigo” José Saramago, “tanto que me sinto em Portugal tão na minha casa como em Cartagena ou na Andaluzia”, realça.

“Conheço bem a história de Portugal, que também é amarga em muitos sentidos, mas os portugueses agora estão a salvo porque não existe uma confederação ibérica. Assim, tenho um lugar para me refugiar quando a Espanha se tornar insuportável”, sustenta ainda.

Nesta entrevista ao DN, Pérez-Reverte diz que já não acredita que essa União Ibérica ainda seja possível. “E lamento porque Espanha está demasiado concentrada na sua própria desgraça e divisão, e não imagino os espanhóis a melhorar”, sublinha.

“O grande erro político, social e histórico dos espanhóis é que nunca tenham olhado para Portugal sem estarem de costas voltadas para ele”, considera por fim.

ZAP //

7 Comments

  1. Coitado! Viu-se ao espelho e encontrou uma anomalia. Tanto assim, que se contradiz ao ponto de defender o iberismo e, simultaneamente, dizer que estamos a salvo de Espanha. Tivemos uma experiência de 60 anos que chegou e sobrou. Portugal junto a Espanha seria mais um retalho naquilo que já é, e sempre foi, uma manta de retalhos. Obrigadinho mas já temos problemas que chegue! A única vantagem é que são nossos, não são problemas com catalães, bascos e o que mais houver.

  2. Desde que me lembro, de x em x anos lá vem uma “notícia” destas a pedido do movimento iberista para dizer que ainda estão vivos. O que é uma anomalia é Espanha ser um só estado, dada a pluralidade de nações que o integram. À força, mas integram. Claro que isto não pode ter boas consequências para as nações colonizadas pela nação dominante, e Castela é assim a besta negra da Galiza, País Basco e Catalunha. Já nem falo de Leão e Aragão, que já foram há séculos integradas em Castela e perderam entretanto todos os seus traços distintivos. Portugal livrou-se de boa, se fizesse parte de Espanha seria apenas uma província pobre, negligenciada e explorada como a Galiza.

  3. Qual Espanha e qual Portugal ? Ambos já não existem tirando para o futebol, são duas nações perdidas e subjugadas ao poder de Bruxelas, muitos dos aqui comentam armados em nacionalistas são os mesmos que no 25 de abril saem a rua a comemorar uma data que significa o fim da presença portuguesa em África, o abandono dos territórios que faziam parte de Portugal, coitados de todos vós cuja restia de patriotismo se resume a estes momentos nas redes sociais! A Ibéria foi subjugada, deste vez não pela força das armas como nós tempos romanos mas pela força do dinheiro, da corrupção dos traidores.

    • Oh alminha, de que buraco saíste tu??
      Então antes do 25 de Abril, com o “orgulhosamente sós”, com o povo todo na miséria e a tentar fugir, com uma taxa de analfabetismo brutal, sem cuidados de saúde, etc, etc, que nação existia??
      Enfim…
      A ignorância não pode ser desculpa para tudo – ainda por cima em pleno ano 2020 e com acesso à Internet!!

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