Escritor líbano-francês Amin Maalouf vence Prémio Calouste Gulbenkian 2019

Università Ca' Foscari Venezia / Flickr

O escritor e jornalista Amin Maalouf

O jornalista e escritor líbano-francês Amin Maalouf é o vencedor do Prémio Calouste Gulbenkian 2019, no valor de 100 mil euros, anunciou a fundação, que vai também premiar a Associação de Apoio à Vitima, um programa de rádio e o Teatro Metaphora.

Segundo a fundação, o Prémio Calouste Gulbenkian 2019 será entregue na sexta-feira a Amin Maalouf, “reconhecido como um dos nomes mais influentes e respeitados do mundo árabe” e que foi escolhido por um júri presidido por Jorge Sampaio, noticiou esta quarta-feira o Sapo 24, citando a agência Lusa.

Amin Maalouf “tem sido um incansável construtor de pontes, procurando mostrar o caminho das reformas necessárias para construir um mundo em paz, de acordo com um modo de vida mais justo e sustentável”, escreveu a Gulbenkian.

“Na sua mais recente obra – Le Naufrage des Civilizations – Amin Maalouf, que prossegue a sua análise sobre a crise do ‘vivre ensemble’, analisa as derivas e as feridas que se podem abrir nas civilizações modernas e apresenta pistas para que europeus e árabes possam cooperar na construção de um mundo melhor, no respeito pelo Estado de Direito e os Direitos Humanos”, acrescentou a fundação.

O Prémio Calouste Gulkenkian 2019 será entregue pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no ano do 150.º aniversário do nascimento de Calouste Sarkis Gulbenkian, informou o Sapo 24.

Já os Prémios Gulbenkian 2019, no valor de 50 mil euros cada, serão atribuídos à APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, na área da Coesão, ao programa radiofónico ’90 segundos de ciência’, na área do Conhecimento, e ao Teatro Metaphora – Associação de Amigos das Artes, na área da Sustentabilidade.

ESPM / APAV

“O Silêncio Magoa”, anúncio não oficial da APAV. Trabalho contra a violência doméstica de alunos da ESPM de São Paulo, para a APAV, Associação Portuguesa de Proteção à Vítima.

No comunicado distribuído pela fundação, o júri reconhece as “excelentes resultados” obtidos pela APAV, que desde 1990 tem apoiado um número cada vez maior de vítimas de crime, num universo estimado em 270 mil pessoas.

A APAV apoia, em média, 115 adultos por semana e a sua intervenção é essencial na recuperação e regresso das vítimas à rotina diária, através de um atendimento personalizado e qualificado, avaliando cada caso como único. O apoio é prestado às vítimas, aos seus familiares e aos amigos/as, através de 55 serviços de proximidade. A associação tem uma rede de voluntariado com cerca de 280 pessoas.

O ’90 Segundos de Ciência’, vencedor do Prémio Gulbenkian na área do Conhecimento, é um programa de rádio diário, de um minuto e meio, sem narração externa, em que um investigador diferente a cada dia explica um dos seus projetos. A escolha é feita para haver representatividade geográfica, científica e de género.

O programa começou a ser emitido a 21 de novembro de 2016 e é atualmente difundido duas vezes por dia, na Antena 1, com quatro repetições na antena da RDP Internacional e RDP África. É ainda difundido através da Internet, pela RTP Play, podcast e website dedicado, bem como nas redes sociais Facebook e Twitter.

O ’90 Segundos de Ciência’ tem chegado a cerca de 10 mil pessoas por mês, somadas as audiências da rádio, podcast e redes sociais, e a 05 de maio de 2019 chegou aos 615 episódios divulgados.

Rovena Rosa/ Agência Brasil

Em Portugal, “é o primeiro programa do género a atingir esta longevidade e com uma intenção digital e difusão pelas redes sociais. O programa não serve apenas para divulgação de ciência, mas também como repositório de projetos científicos desenvolvidos por investigadores portugueses na atualidade”, sublinhou a fundação.

Na área da Sustentabilidade, a Gulbenkian vai galardoar o Teatro Metaphora – Associação de Amigos das Artes, destacando a iniciativa Green Steps, “que desde 2015 desenvolve diversos projetos artísticos, sempre aliados à sensibilização ambiental”.

“O projeto envolve um grande número de cidadãos, na sua maioria jovens, sensibilizando-os para as questões ambientais”, recordou a Gulbenkian, lembrando que a iniciativa “transforma lixo em obras de arte”. As instalações artísticas produzidas “têm impacto reconhecido não só a nível local, mas também a nível internacional”, acrescentou.

Para consciencializar o público para o uso sustentável dos recursos, a associação envolveu no seu processo criativo a comunidade local (Câmara de Lobos, ilha da Madeira), “caracterizada por diversas problemáticas sociais relacionadas com abandono e insucesso escolar, absentismo, violência doméstica, necessidades económicas, desemprego, gravidez na adolescência, famílias disfuncionais, abuso de menores, entre outras situações”, frisou.

Segundo os dados, no primeiro ano de atividade, o projeto reutilizou cerca de 2.600 garrafas PET e CD inutilizados, transformando-os em flores. Um ano depois, resgataram 133 tambores de máquina de lavar, que foram transformados em candeeiros – uma instalação que já participou em festivais e recentemente iluminou Amesterdão. Em 2017 e 2018, ilustraram telas utilizando cerca de 25 mil latas de refrigerantes.

Na sexta-feira, a cerimónia, que assinala os 63 anos da Fundação Calouste Gulbenkian, termina com um concerto pela Orquestra Gulbenkian.

TP, ZAP //

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