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Vitória de Trump “chuta” americanos para Portugal. “País tornou-se intolerante”

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REMKO DE WAAL/EPA

Reação a discurso do candidato presidencial republicano dos EUA, Donald Trump, em Haia, Países Baixos.

Segurança de Portugal atrai norte-americanos há muito tempo, mas vitória de Trump pode fazer disparar a migração. Quem procura propriedade em Portugal é mais inclinado para a esquerda do espectro político.

Já é do conhecimento de todos que muitos americanos de idade avançada, especialmente de classe alta, têm procurado a Europa — e Portugal — como um refúgio para escapar da polarização e insegurança nos Estados Unidos. Mas o regresso de Donald Trump à Casa Branca, cada vez mais certo, pode trazer ainda mais norte-americanos ao país ‘à beira-mar plantado’ em busca de paz.

Este meu país tornou-se intolerante“, confessa David, advogado de 65 anos de Chicago, que viajou para Portugal à procura de uma nova residência. Desencantado com o clima político e social dos EUA, o advogado quer evitar a hostilidade e o aumento da violência, especialmente contra os imigrantes.

“Este país sempre difamou as pessoas que não são como eles. Vemos estas fotografias de pessoas a sul da fronteira e são apenas pessoas, mas ambos os lados utilizam-nas por razões políticas, e isso é apenas um exemplo da intolerância absoluta, é triste“, disse à revista Fortune.

Agora, David planeia estabelecer-se na Costa de Prata, onde espera encontrar tranquilidade — para si e para a sua família.

“Disse à minha mulher, há cerca de 15 anos, que tinha feito as pazes com o facto de poder ser morto a qualquer momento neste país”, confessou o advogado, que esperava fechar a compra de propriedade antes desta terça-feira, por crer que a vitória de Trump dispararia a procura de casas no estrangeiro, nomeadamente em países como Portugal, Espanha Itália ou Malta. “Portugal sempre foi um sítio bastante liberal“, sublinha.

Preocupação com a situação política

A consultora imobiliária Kylie Adamec, da empresa Casa Azul, que assessora David e outros americanos na sua procura por propriedades em Portugal, confessa que muitos dos seus clientes têm mostrado preocupação com a situação política nos EUA.

“As pessoas não se preocupam tanto com a situação fiscal, estão mais preocupadas com o que vai acontecer nos Estados Unidos. Em novembro, com as eleições, as pessoas só querem ter opções“, disse à Fortune.

“Pelo que vejo, é a primeira vez que a decisão de uma eleição é realmente um fator determinante para que alguém se mude para o estrangeiro, seja a tempo inteiro ou a tempo parcial”, diz Marco Permunian, da Italian Citizenship Assistance, que confessa que quem procura propriedade em Portugal é mais inclinado para a esquerda do espectro político.

“A maioria ainda não está pronta para se mudar, mas está a preparar-se, por precaução”, afirma o especialista.

Segundo a consultora Arton Capital, citada pelo Jornal Económico, 53% dos quase mil inquiridos em nova sondagem mostra-se interessado em investir em países que ofereçam benefícios de residência, como é o caso de Portugal.

Mas as leis liberais de porte de armas e a tensão política e social contribuem para uma crescente sensação de insegurança e, para cidadãos americanos de alta renda, a cidadania estrangeira é vista como uma forma de diversificação dos riscos, que leva ao que muitos consultores chamam de “carteiras passaporte”, onde os milionários têm múltiplas cidadanias, como medida de segurança.

O ambiente pacífico e o clima de estabilidade em Portugal é atrativo para americanos de todas as idades, segundo a consultora, incluindo a faixa mais jovem dos milionários inquiridos, entre os 20 e os 29 anos.

Mas a tendência pode verificar-se na mesma, caso Kamala Harris vencesse.

Harris, por sua vez, afasta os super-ricos

A mesma pesquisa da financeira canadiana aponta uma estatística algo contraditória, que diz que 40% dos milionários americanos consideram que a qualidade de vida no estrangeiro seria melhor se Kamala Harris vencesse, enquanto 35% afirma o mesmo caso Donald Trump saia vencedor.

Uma possível subida de impostos no caso de vitória democrata — com Harris a propor uma taxa efetiva mínima de 25% para cidadãos com património superior a 100 milhões de dólares — leva os mais ricos a procurar uma alternativa no estrangeiro, mais ‘amiga’ da carteira.

Não é só Portugal

Esta tendência não se limita a Portugal. Permunian relata um aumento no número de pedidos de cidadania italiana por americanos, especialmente desde a eleição de Trump em 2016.

Esta procura voltou a intensificar-se com o aumento da polarização política e com a pandemia de COVID-19.

ZAP //

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2 Comments

  1. Parece estar a fazer o mesmo truque que fez a 4 anos em declarar automaticamente a vitória para depois chorar que foi roubado. O pessoal é inocente quando se trata de políticos

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