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Alunos do privado reprovam mais na universidade

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Marcos Santos / USP Imagens

Os alunos de Medicina que completaram o Ensino Secundário em estabelecimentos de ensino privados registam maiores taxas de reprovação na universidade do que os alunos provenientes de escolas públicas. Estas são algumas das conclusões de um estudo científico do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS).

Segundo o Jornal de Notícias (JN), mesmo nos casos de escolas privadas que não inflacionam notas, os alunos saem pior preparados. Perante as conclusões, os investigadores alertam: investir no ensino privado até pode garantir a entrada no curso, mas está longe de assegurar uma formação de qualidade.

Cristina Santos, investigadora do CINTESIS e também docente na FMUP, revelou ao JN que, ao longo dos anos, foi notando que “alguns alunos estavam apenas focados em estudar para o exame” e, a maioria desses alunos, tinha completado o secundário no ensino privado e registava piores classificações.

De acordo com as conclusões do estudo, no primeiro ano do curso, a taxa de reprovação a pelo menos uma unidade curricular dos estudantes do privado foi de 43%, face a 34% dos alunos do público. Em média, os alunos do privado apresentam notas mais baixas que os do público até ao quinto ano de formação. A tendência esbate-se ao longo dos anos, invertendo-se muito ligeiramente no sexto ano.

A investigação vai ainda mais longe e compara alunos de Medicina de escolas – quer públicas, quer privadas – que inflacionam notas das que não os fazem. E os resultados vão ao encontro das primeiras conclusões: os estudantes de escolas privadas, tanto das que inflacionam as notas como das que não o fazem, estão mais mal preparados do que os do público.

“Mesmo nas escolas que não inflacionam as notas, há diferenças na preparação dos alunos e as públicas preparam melhor do que as privadas“, nota a investigadora.

Para Cristina Santos, esta situação resulta “numa dupla injustiça“. Por um lado, os alunos entram na faculdade com notas inflacionadas, o que faz muita diferença em cursos competitivos como é o caso da Medicina. E, por outro lado, estão mais mal preparados que os colegas das escolas públicas.

O estudo avança ainda que 48% dos estudantes admitidos na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), entre 2009 e 2014, fizeram o Secundário em escolas que inflacionaram as notas nos respetivos anos.

O estudo analisou os resultados de 1700 alunos da FMUP, entre 2007 e 2017, e foi publicado no passado mês de março na revista científica BMC Medical Education.

A questão da inflação das notas já havia sido debatida em fevereiro deste ano, quando foi divulgado o Ranking das Escolas 2017. O colégio que ficou em primeiro lugar no Ranking das Escolas 2017 é uma das 16 escolas que inflacionam, sistematicamente, as notas dos seus alunos, segundo dados do Ministério da Educação.

Desde 2012 que 16 escolas secundárias dão sempre notas mais altas do que seria esperado, segundo dados do Ministério, que revelam ainda que há mais duas escolas com este procedimento em relação ao ano anterior.

Os colégios são quem mais inflaciona as notas: das 16 escolas, 13 são privadas e três são públicas, um procedimento que pode permitir a um aluno passar à frente no acesso ao Ensino Superior.

ZAP //

11 Comments

  1. Claro… quando deixam de ser levados ao colo e voltam ao mundo real (sem “ajudas” ou exames “selecionados”), as coisas são bem diferentes!…

    • Claro que a percentagem de alunos que obtêm positiva nos exames nacionais do 12.º ano é superior à média nacional pois a percentagem de jovens de meios socio-económicos desfavorecidos de uma escola privada com propinas não é comparável ao panorama nacional e infelizmente há imensas reprovações entre as classes mais desfavorecidas por inúmeras razões. Agora a escola sistematicamente inflacionar as notas já é outro problema é batota!

  2. Recomendo que as pessoas analisem os dados diretamente, para não “comerem” notícias com resultados de pesquisas deturpados/alinhados com uma agenda muito particular – medicina. Um exemplo: abri o site http://infoescolas.mec.pt/Secundario/ e observei os resultados do Externato Liceal Paulo VI, um dos citados na notícia do “Ranking das Escolas 2017”. Apesar da indicação que as notas estão inflacionadas, não mencionam na notícia o facto de, consistentemente nos últimos 3 anos, a percentagem de alunos que obtêm positiva nos exames nacionais do 12.º ano é superior à média nacional. Isto é, dizem que as notas estão inflacionadas mas o que é facto é que há mais alunos a saírem desde colégio com aprovação em exames nacionais. Isto pode ser diferente para outros casos, mas aconselho cada um a analisar cuidadosamente o caso que mais lhe possa ser próximo (ou dos seus filhos) para não ser induzido em erro…

    • Claro que a a percentagem de alunos que obtêm positiva nos exames nacionais do 12.º ano é superior à média nacional, está a comparar um colégio privado com todo o resto do país. É claro que o nível socio-económico dos alunos do colégio não é comparável ao nível do resto do país … Nos colégios privados não há aqueles casos de crianças de meios socio-económicos muito desfavorecidos que infelizmente têm mais reprovações.

      Já as notas estarem inflacionadas, ou seja as notas internas atribuídas pela escola aos seus alunos estarem muito desalinhadas com as notas internas atribuídas pelas outras escolas do país a alunos com resultados semelhantes nos exames já só tem a ver com o facto de no colégio a notas serem dadas muito acima do nível do alunos e no Externato Liceal Paulo VI isso acontece TODOS os anos….

    • Claro que a percentagem de alunos que obtêm positiva nos exames nacionais do 12.º ano é superior à média nacional pois a percentagem de jovens de meios socio-económicos desfavorecidos de uma escola privada com propinas não é comparável ao panorama nacional e infelizmente há imensas reprovações entre as classes mais desfavorecidas por inúmeras razões. Agora a escola sistematicamente inflacionar as notas já é outro problema é batota!

  3. Claro que a a percentagem de alunos que obtêm positiva nos exames nacionais do 12.º ano é superior à média nacional, está a comparar um colégio privado com todo o resto do país. É claro que o nível socio-económico dos alunos do colégio não é comparável ao nível do resto do país … Nos colégios privados não há aqueles casos de crianças de meios socio-económicos muito desfavorecidos que infelizmente têm mais reprovações.

    Já as notas estarem inflacionadas, ou seja as notas internas atribuídas pela escola aos seus alunos estarem muito desalinhadas com as notas internas atribuídas pelas outras escolas do país a alunos com resultados semelhantes nos exames já só tem a ver com o facto de no colégio a notas serem dadas muito acima do nível do alunos e no Externato Liceal Paulo VI isso acontece TODOS os anos….

  4. Não é novidade nenhuma. Como já referi em comentários anteriores, quando eu frequentei o ensino superior também verifiquei isso. E acho injusto que os alunos que toda a vida frequentaram “colégios” ou escolas privadas possam frequentar as Universidades Públicas, que acabem onde começaram, pois ao apresentarem notas mais elevadas (inflacionadas ou não) retiram a hipótese de alunos que sempre frequentaram escolas públicas entrem na vaga do curso que pretendem. Mas assim foi bom porque assim se vê na verdade como anda o ensino. Acabem de vez com o apoio ao privado e invistam mais no público.

  5. Para acabar com estas e outras dúvidas, penso ser essencial que os exames nacionais não possam ser feitos em escolas privadas ou somente vigiados por professores dessas escolas. Se fizerem isso, como vários ministros de educação já tentaram ( e não conseguiram), iremos ver que a diferença de notas internas e externas será ainda maior. Por outro lado, é tempo de os sucessivos governos começarem a investir seriamente no ensino público e deixarem de pagar propinas em colégios privados a “meninos” que são transportados em “grandes” carros.
    Já alguém disse e é verdade: os políticos só se preocupam com a educação dos seus filhos.Essa, está assegurada. Julgam eles!

  6. Os do privado são, e sempre foram, uma cambada de burros. Eu sei porque estudei lá e estou a escrever esta opinião bem reveladora do meu grau intelectual!

  7. pois… Se eu fosse governo, acabava com a mama das escolas subsidiadas. 4mil M€ só para esses senhores. Sim, leu bem. 4 mil M€ por ano.

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