As alterações climáticas transformam os Andes antigos num cenário de “Mad Max”

(CC0/PD) etifae / Pixabay

Cordilheira dos Andes

As alterações climáticas há 1000 anos fizeram aumentar a violência entre as populações nos Andes.

Um novo estudo publicado na Quaternary Research revela como as culturas antigas nos Andes reagiram às alterações climáticas que assolaram a região há 1000 anos — e não foi nada bonito.

De acordo com a pesquisa, as mudanças no clima entre 470 e 1500 fizeram disparar a violência entre as populações, num cenário semelhante ao filme distópico de 1979 “Mad Max”, que mostra um mundo mergulhado na guerra, fome e caos depois da Humanidade esgotar o petróleo.

Os cientistas analisaram dados da examinação de 2753 fraturas em crânios de restos humanos retirados de 58 sítios arqueológicos na região. Usaram depois os registos de gelo do glaciar Quelccaya nos atuais Chile, Peru e Bolívia para entener o que se estava a acontecer no clima na altura, relata o New Atlas.

Os autores descobriram que por cada diminuição de 10 centímetros na quantidade de gelo anual, o nível de violência entre a população mais do que duplicou, de acordo com os indícios dos ferimentos nas cabeças preservados no registo fóssil.

Notoriamente, o crescimento da violência só foi observado em comunidades que viviam nos planaltos dos Andes e o mesmo não aconteceu nas áreas de elevação média e as zonas costeiras. Isto levou a que os cientistas teorizassem que as condições de seca só terão sido sentidas nas regiões mais altas ou, alternativamente, que as populações em altitudes mais baixas encontraram outras soluções pacíficas para dividirem os poucos recursos que tinham.

“Esta disparidade provavelmente resultou de estratégias económicas e sociopolíticas variáveis ​​em diferentes níveis. O fracasso da agricultura de sequeiro durante os períodos de seca e a concomitante dissolução de organizações políticas provavelmente predispôs as populações das terras altas ao stress socioeconômico e à competição violenta por recursos limitados”, concluem os autores.

ZAP //

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