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Aliciou jogadores para perderem contra o Benfica. Boaventura condenado a 3 anos e 4 meses

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César Boaventura / Facebook

O agente desportivo César Boaventura.

Empresário condenado por três crimes de corrupção ativa após “tentar comprar” três jogadores do Rio Ave para perderem contra os encarnados, na época 2015/16.

O empresário de futebol César Boaventura foi condenado esta quarta-feira, pelo Tribunal de Matosinhos, a uma pena de prisão cumulativa de três anos e quatro meses, com execução suspensa, por três crimes de corrupção ativa no desporto.

O empresário, que faltou à leitura do acórdão alegando doença, foi ainda condenado ao pagamento de 30 mil euros a favor de uma instituição de solidariedade social ou de promoção do desporto, e impedido de ter atividade profissional como agente de jogadores, de forma direta ou indireta, durante dois anos.

O tribunal deu como provado o aliciamento aos ex-jogadores do Rio Ave Cássio, Marcelo e Lionn, mas ilibou César Boaventura do crime de corrupção em forma tentada ao antigo jogador do Marítimo Romain Salin.

Facilitar a vida aos encarnados

O empresário via-se, desde março de 2023, acusado de quatro crimes de corrupção desportiva cativa por tentativa de aliciamento dos três jogadores (que, na altura, jogavam no Rio Ave), e de Salin (então jogador do Marítimo). O objetivo era que estes atletas facilitassem a vida ao Benfica em jogos da época 2015/2016.

Nessa época, o Benfica venceu o tricampeonato. Antes do jogo com o Rio Ave da Jornada 31 (o Benfica ganhou por 1-0), Boaventura aliciou Lionn (100 mil euros), Cássio (60 mil) e Marcelo (foi transferido para outro clube).

Antes da deslocação das águias à Madeira, para defrontar o Marítimo na Jornada 33 (o Benfica ganhou por 2-0), o empresário abordou Salin, prometendo-lhe um salário anual de 300 mil euros num clube estrangeiro.

Os quatro jogadores contactados por Boaventura terão recusado as abordagens do empresário.

Tentou comprar-me para o jogo do Benfica. A mim e ao Cássio. E ao Marcelo também”, referiu Lionn em Tribunal,em 2019, no âmbito de um processo movido pelo referido Cássio contra César Boaventura, após o empresário ter acusado o guarda-redes de ter facilitado num jogo entre o FC Porto e o Rio Ave que os dragões venceram por 5-0.

Zero provas contra o Benfica, o único beneficiado

Apesar de ser o único beneficiado, não há provas contra o SL Benfica.

Vincando que Boaventura tentou aliciar os referidos jogadores para “garantir que a Sport Lisboa e Benfica SAD fosse a primeira classificada, no final das 34 jornadas da época 2015/2016″, o MP frisa, contudo, que para “ser responsabilizada uma pessoa coletiva”, é “necessário que o crime seja cometido em seu nome e no interesse coletivo”, algo que não ficou provado.

Além disso, o empresário “não era membro dos corpos sociais, não se encontrava vinculado de forma nenhuma” ao Benfica, “nem qualquer posição de liderança lhe é reconhecida”, não existindo provas de que o “arguido tenha sido incumbido de qualquer tarefa” por alguém com “uma posição de liderança na estrutura do Sport Lisboa e Benfica”, refere ainda o MP.

Contudo, os procuradores reconhecem que havia uma relação de “confiança e proximidade” entre César Boaventura e Luís Filipe Vieira que, na altura, era presidente do Benfica. Essa proximidade é percebida em telefonemas entre ambos, alguns dos quais acabaram por ser divulgados nas redes sociais.

No final da sessão, o advogado do empresário confirmou que irá recorrer da sentença para uma instância superior.

ZAP // Lusa

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