Aliado de Trump: “sou um nazi negro”. Trump disse que ele “é melhor que Martin Luther King”

Gage Skidmore/Flickr /Wikipedia

Mark Robinson, candidato do Partido Republicano ao governo do estado da Carolina do Norte, e Donald Trump, candidato à presidência dos EUA

Candidato ao governo de estado essencial recusa abandonar a campanha após divulgação de comentários obscenos e racistas feitos, alegadamente, num site pornográfico. O caso ameaça a campanha de Trump no estado.

O candidato do Partido Republicano ao governo do estado da Carolina do Norte, Mark Robinson, afirmou na passada sexta-feira que não cederá a pressões para abandonar a campanha eleitoral, após a divulgação de publicações a si atribuídas que contêm comentários de cariz sexual e racista.

As declarações, que terão sido encontradas em secções de comentários de portais de internet pornográficos, podem vir a causar danos significativos à campanha do candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump.

Uma reportagem da CNN afirmou que o candidato publicou uma série de declarações “gratuitamente sexuais e indecentes” entre 2008 e 2012, antes de entrar para a política, e que divulgaria apenas uma pequena parte dessas devido ao “conteúdo gráfico” das declarações.

Segundo a emissora, muitos dos seus comentários contradizem as posições políticas que defendeu durante a campanha em temas como o aborto e os direitos das pessoas transgénero.

Num comentário de 2012 atribuído ao republicano, ele teria dito que preferia o ditador nazi Adolf Hitler à liderança do governo americano em Washington. Segundo a reportagem, Robinson ter-se-á referido a si próprio como um “negro nazi”.

Noutro comentário de 2010, Robinson, um homem negro, terá dito que “a escravatura não é má. Algumas pessoas precisam de ser escravas. Gostaria que trouxessem [a escravatura] de volta. Eu certamente compraria alguns [escravos].”

Segundo a CNN, Robinson também terá comentado sobre como gostava de espiar mulheres nos balneários de ginásios quando tinha 14 anos, e expressado o seu gosto por material pornográfico envolvendo pessoas transgénero. Chegou a descrever-se como um “pervertido“.

Danos à campanha de Trump

Robinson, de 56 anos, disse que não será pressionado a desistir da sua candidatura devido ao que chamou de “mentiras obscenas de tablóides”. O republicano, que tem um histórico de declarações polémicas, divulgou um vídeo em que nega o conteúdo da reportagem da CNN. “Asseguro que as coisas que verão nessa reportagem não são palavras de Mark Robinson”, afirmou.

O Partido Republicano da Carolina do Norte saiu em defesa do candidato, acusando os democratas de levarem a cabo uma campanha difamatória. “Mark Robinson negou categoricamente as acusações feitas pela CNN, mas isso não vai fazer com que a esquerda pare de tentar demonizá-lo através de ataques pessoais”, disse o partido, em comunicado.

As declarações, contudo, têm o potencial de ameaçar as hipóteses de Trump vencer a votação na Carolina do Norte, um dos estados onde a disputa eleitoral entre o republicano e a democrata Kamala Harris é mais renhida.

Robinson, que é vice-governador e ganhou de forma decisiva as primárias republicanas no estado em março, aparece atrás do candidato democrata Josh Stein em várias sondagens de intenção de voto.

“Melhor do que Martin Luther King”

A campanha de Harris não perdeu a oportunidade para lembrar que Trump elogiou recentemente Robinson, dizendo que ele era “melhor do que Martin Luther King”, referindo-se ao icónico líder do movimento pelos direitos civis e dos negros nos EUA. Outra imagem divulgada pelos democratas mostra Trump e Robinson lado a lado, fazendo o tradicional sinal de positivo.

Até ao momento, Trump não comentou o caso. A sua assessoria disse apenas que o ex-presidente está “concentrado em vencer a Casa Branca e salvar o país”, e que a Carolina do Norte é “parte essencial desse plano”.

O ex-presidente trouxe Robinson para junto de si na sua campanha na tentativa de ampliar o seu apoio entre os eleitores negros.

ZAP // DW

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