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Algas tóxicas com cheiro “podre” invadem o Tejo. Descargas vêm de Espanha

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Luís Paixão Martins/Twitter

A fronteira do Tejo tingida de verde, no verão de 2020

Bloom de microalgas criou novamente um manto verde no Alto Tejo, consequência das descargas da espanhola de eletricidade e gás Iberdrola, autorizadas por Portugal. Nova invasão pode gerar queixa à Comissão Europeia.

O Alto Tejo está a ser “engolido” por um manto verde de algas “com elevada toxicidade e cheiro putrefacto”.

O alerta vem da associação ambiental ProTejo, que detetou no passado dia 9 o bloom (crescimento rápido e incontrolável) de algas pela Vila Velha de Ródão. A invasão estende-se “pela albufeira do Fratel e irá progredir contaminando todo o rio Tejo a montante da barragem do Fratel”, avisa a associação. As águas poluídas chegam até Ortiga, no município de Mação.

O bloom de microalgas — entre as quais cianobactérias — deve-se a um “esvaziamento artificial” cíclico das barragens, provocado pelo calor e luminosidade de verão, permitindo às algas encontrarem o caldo perfeito para repousar, explica, segundo o Público, a Quercus.

A presença das algas pode “produzir cianotoxinas prejudiciais aos seres vivos”, segundo a ProTejo.

“Primeiro, a concentração elevada de nutrientes, nomeadamente fósforo, e as substâncias tóxicas depositadas no fundo das albufeiras da Extremadura espanhola, Azutan, Torrejon, Valdecañas, Alcantâra e Cedillo, ao longo de décadas de descargas de águas residuais sem adequado tratamento e das escorrências de fertilizantes agrícolas”, avisa a organização, que aponta ainda o dedo à empresa espanhola Iberdrola.

Portugal permite descargas espanholas

A empresa de eletricidade e gás tem “a permissão, por parte dos Governos de Portugal e Espanha, de livre gestão de descargas de caudais das suas barragens” por não haverem caudais ecológicos entre os dois países, alerta a ProTejo.

A “única finalidade” é “maximizar o lucro da produção da energia hidroelétrica fazendo descargas quando o preço da energia no mercado espanhol se encontra em níveis bastante elevados”, remata em comunicado.

Recorde-se que, em 2021, o Governo espanhol colocou um processo de investigação à Iberdrola pela “drástica redução de água para aproveitar o elevado preço para multiplicar a sua produção”.

Os responsáveis da ProTejo exigem clarificações do ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro relativamente à situação “que ocorre ano após ano”, situação que se verificará em “incumprimento da Convenção de Albufeira quanto à obrigatoriedade de garantir o bom estado ecológico das massas fronteiriças e transfronteiriças e em incumprimento da Directiva-Quadro da Água”.

A Quercus considera haver “fundamento para apresentar uma queixa à Comissão Europeia contra os governos de Portugal e Espanha, dado que a gestão das barragens para a produção hidroeléctrica com critérios meramente economicistas, de maximização do lucro, sem atender nem minimizar os efeitos de poluição do rio, viola a Directiva-Quadro da Água”.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que monitoriza a situação, reconhece uma “diminuição da qualidade da água”, mas reforça que “não afeta os atuais usos da água, dado que não incluem a prática balnear nem o abastecimento público”.

ZAP //

2 Comments

  1. Apliquem COIMAS / SANÇÔES grandes aos responsáveis Espanhóis a fim de acabar com esses abusos, ou vamos permitir que continuem a prejudicar os Portugueses. Se fosse antigamente já tinham comido.

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