(dr) Fabio Marzi

Frasco com o suposto sangue de São Lourenço.
A pequena vila de Amaseno, na província de Frosinone, em Itália, abriga um objeto místico que, segundo os locais, desafia as leis da Natureza.
Durante séculos, os habitantes de Amaseno guardam uma relíquia de um santo mártir que é a principal atração de um festival anual destinado a homenageá-lo. Trata-se de um pequeno frasco que contém uma sangue de São Lourenço, escreve a CNN.
Lourenço de Huesca — ou São Lourenço — nasceu em Espanha, mas foi em Itália que ganhou notoriedade como mártir cristão. No ano de 257, o imperador romano Valeriano decretou a perseguição aos cristãos e, no ano seguinte, o Papa Sisto II foi detido e decapitado.
Após a execução do Papa, o imperador ameaçou a Igreja para entregar as suas riquezas no prazo de três dias. Reza a lenda que São Lourenço levou as pessoas que foram auxiliadas pela Igreja e os seus fiéis diante do imperador. Depois, exclamou a frase que lhe valeria a morte: “São estas as riquezas da Igreja”. O imperador mandou prendê-lo e ser queimado vivo.
Nos últimos quatro séculos, todos os anos, o que se acredita ser o sangue de São Lourenço liquidifica-se, transformando-se de uma massa densa e escura num brilhante e rubi fluido vermelho. Os locais dizem tratar-se de um milagre.
O festival fica ainda marcado por uma chuva de estrelas, conhecida como “as lágrimas de São Lourenço”.
“Embora saibamos muito pouco desta relíquia, ela é mencionada no ato de consagração da nossa igreja datada de 1177 como contendo ‘o sangue e a gordura de São Lourenço’, e uma carta do século XVII ao Papa afirmava que as pessoas tinham-se apercebido que regularmente, por volta de 10 de agosto, o sangue se liquefazia”, diz Don Italo Cardarilli, o padre que preside Amaseno.
“São Lourenço é muito confiável — todos os verões entre 8 e 10 de agosto ocorre a liquefação, depois por volta de 12 de agosto o sangue começa a solidificar-se novamente. É hora de festa para a aldeia”, conta o fiel Fabio Marzi, que usa o seu tempo livre para estudar a relíquia.
Durante o resto do ano, o suposto sangue de São Lourenço é mantido em segurança na Igreja de Santa Maria e apresentada publicamente em ocasiões especiais.
Segundo o portal Amaseno Online, a relíquia terá chegado à pequena aldeia em 1177, permanecendo lá desde então. O sangue terá ainda chegado com um suposto certificado de autenticidade.
Embora muitos vejam a relíquia como milagrosa, há quem questione o fenómeno e apresente possíveis explicações científicas.
O químico Luigi Garlaschelli, que investiga alegações de pseudociência, recebeu permissão para estudar o frasco — mas não o seu conteúdo. Garlaschelli realizou experiências com o exterior do frasco em 1997.
Na sua opinião, a relíquia não contém sangue, mas sim gorduras animais ou gelatina, talvez banha ou sebo, ceras e um corante vermelho solúvel em óleo que derrete quando está quente.
À CNN, Garlaschelli salientou que não é por acaso que o “milagre” acontece no mês mais quente do verão. Como o frasco está maioritariamente fora dos olhos públicos, Garlaschelli realça que “o processo de derretimento pode ocorrer também noutros dias de verão, ou em diferentes horas do dia, mas ninguém o vê”.
Estão todos ludibriados com esta fantasia ! … Trata-se Sim de um excelente Chianti de grande casta ! … o Tintol não engana !