Um novo estudo sugere que a presença de antidepressivos na vida marinha também pode estar a afetar a forma como os peixes procuram comida.
A nova investigação, conduzida por cientistas da Universidade Monash, na Austrália, destaca um possível falha de outros estudos que determina o impacto de resíduos psicoativos na vida selvagem, escreve o Science Alert.
Os investigadores recolheram um grupo de fêmeas da espécie Gambusia holbrooki de um local não contaminado e colocou-o dividido em grandes tanques, um por um, ou em grupos de três.
Alguns peixes foram colocados em níveis baixos ou altos de fluoxetina (popularmente conhecida como Prozac) durante um mês, enquanto outro grupo não teve qualquer exposição a esta substância.
Depois, todos os espécimes foram colocados em tanques que permitiram aos cientistas observar como os peixes caçavam a sua refeição favorita: larvas.
Para os peixes solitários, a exposição ao antidepressivo não fez diferença na sua ânsia de comer. Mas esse não foi o caso quando os peixes estavam a caçar em grupos. As diferenças reduziram-se ao seu peso, já que a caça gera competição dentro de um grupo, na qual os peixes de maior tamanho tentam comer o máximo possível.
Os animais que não foram expostos a este fármaco fizeram “uma corrida” — quanto maior a variação do seu peso, mais agressivamente cada peixe caçava. Para os peixes expostos à fluoxetina, nem o seu peso médio nem a variação puderam prever o número de interações agressivas que tiveram enquanto procuravam comida.
“A exposição à fluoxetina interrompeu a relação entre o número total de presas consumidas e o desvio padrão no peso do grupo”, diz o ecologista comportamental Bob Wong, um dos autores do estudo agora publicado na revista científica Biology Letters.
“Os nossos resultados sugerem que o contexto social pode ser um fator importante, mas subestimado, que influencia os impactos ecológicos dos poluentes químicos na vida selvagem”, diz o biólogo Jake Martin, outro dos autores do estudo.