Adolescente foi atacada por 30 homens em Milão: “noite de horror” no caos do Ano Novo

Saggittarius A/Wikimedia Commons

Passagem de ano em Piazza del Duomo, Milão, Itália.

Britânica de 19 anos e três turistas belgas dizem ter sido agredidas sexualmente por grupos organizados de homens na Passagem de Ano milanesa. Líquido terá deixado Imogen sem ar: “não me podia defender”.

Uns dias de férias em Milão tornaram-se rapidamente um pesadelo de Ano Novo para uma jovem britânica de 19 anos.

Numa noite em que várias mulheres afirmaram ter sido agredidas com intuito sexual por grupos organizados de homens na Piazza del Duomo, a praça central da cidade italiana, a jovem britânica, que visitava Milão com o namorado, terá sido atacada por cerca de 30 homens que tinham a intenção de a violar.

Quanto mais aterrorizada estava, “mais excitados” estes homens ficavam, revela Imogen ao Daily Mail.

Tudo começou quando a jovem se afastou do grupo com uma amiga para ir à casa de banho. Desconfortável com vários toques inapropriados que terá sentido pelo caminho, Imogen, já junto ao seu grupo de amigos, foi “agarrada e puxada para trás” no meio da multidão, enquanto os amigos se distraíram a gravar o fogo-de-artifício. Ficou rodeada por cerca de 30 homens que não conhecia: “seguraram-me nos braços, nas mãos. Não me podia defender“.

“Vários homens, ao mesmo tempo, começaram a apalpar-me, enquanto outro tentava puxar-me o vestido para cima”, conta a estudante universitária: “eu estava a lutar para me libertar e eles estavam a divertir-se com a minha angústia”.

A jovem disse ainda que lhe atiraram um “líquido desconhecido” para cima, que fez os seus olhos e nariz arderem, deixando-a a ela e às suas amigas “com a sensação de não conseguir respirar”.

“Enquanto eu entrava em pânico e lutava para me libertar, tornou-se evidente que eles gostavam da minha angústia e isso só os entusiasmou”, reforça a jovem, que acredita que só escapou porque os amigos a ouviram a gritar enquanto “lutava pela sobrevivência”.

Não havia polícia no local, revelou a jovem que entretanto voltou para o Reino Unido. Quando o grupo de amigos finalmente encontrou agentes, estes ter-lhe-ão dito que não havia “nada que pudessem fazer”, mas terão mudado de atitude quando viram sangue.

“Estou destroçada por ter de travar esta batalha logo no início da minha vida adulta”. A história foi avançada pela agência belga Sudinfo e partilhada pelos britânicos Telegraph e Daily Mail, mas o caso da britânica não foi o único nessa noite.

“Noite de horror” com vários relatos de agressão sexual

A polícia italiana está a investigar outras agressões sexuais na véspera de Ano Novo em Milão. Entre as vítimas estarão outras turistas, belgas, que, segundo o DailyMail, se acompanhavam de Imogen. As jovens disseram ter sido cercadas por cerca de 40 homens que as apalparam por baixo das roupas, no que descrevem como uma “noite de horror”.

As mulheres, também de férias na cidade italiana, disseram que estes homens as agarraram à força enquanto outros as apalpavam. Uma das vítimas, de 20 anos, conta ao Telegraph que a agressão foi levada a cabo por homens entre os 20 e os 40 anos e durou cerca de 10 minutos, até que finalmente um homem italiano de meia-idade interveio e ajudou-as a fugir.

“Três de nós foram vítimas de agressões sexuais. Uma amiga minha teve os seios apalpados e as nádegas tocadas. Os homens puseram-me as mãos dentro das calças. Foi demasiado longe”, revelou. “Sentimo-nos impotentes perante tanta violência. Podiam ter-nos matado ou violado e ninguém teria dado por isso”, afirmou: “havia tanta gente à nossa volta que não nos conseguíamos mexer”.

Incidentes semelhantes foram relatados na mesma noite por mulheres italianas e turistas de Espanha e da América do Sul. A polícia italiana está a investigar se as agressões foram premeditadas e a analisar as imagens de vídeo da praça.

Incidente está a ser ligado à imigração

Paralelos com um fenómeno conhecido como “taharrush gamea” ou “assédio coletivo”, foram rapidamente traçados por alguns media e políticos locais, mas a jovem britânica atacada na passagem de ano nega que o ataque tenha origem religiosa.

“Estou muito perturbada depois de ler muitos artigos que afirmam que foi uma questão de religião, culpando indiretamente o Islão, ao mesmo tempo que afirmam que o nosso ataque foi taharrush gamea”, clarificou, e “é uma mentira total e descarada afirmar que o nosso grupo foi atacado por homens com bandeiras palestinianas”, disse à Sudinfo.

Acho nojento que as pessoas usem a nossa história traumática para promover uma agenda política e quero que as pessoas compreendam que muitas das descrições que li são totalmente falsas. Não vou permitir que o meu ataque sexual se torne uma oportunidade para dividir as pessoas: é um momento para unir as mulheres e o povo italiano, indignados por isto ter acontecido durante uma celebração alegre”.

Os ataques foram condenados pelas autoridades italianas e reacenderam os debates sobre a integração dos jovens migrantes de segunda geração. Silvia Scurati, política regional, classificou os ataques como um “fracasso da integração” e apelou a uma ação urgente para resolver a questão.

O contexto caótico destas agressões em massa dificulta a identificação dos culpados. Num caso semelhante registado em Colónia, que remete a 2016, apesar de terem sido investigados 290 homens, apenas 32 foram condenados e apenas dois foram considerados culpados de agressão sexual. A investigação em Milão enfrenta os mesmos desafios.

Tomás Guimarães, ZAP //

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